Cento e onze olhares dentro do inferno
PublishNews, 17/03/2004
Para produzir o livro Carandiru 111 (Senac São Paulo, 136 pp., R$ 35), o fotógrafo e publicitário Doug Casarin envolveu-se no cotidiano dos presos, mas evitou cair na armadilha de fazer juízos de valor ou tentar evidenciar o "lado bom" dos que viviam no maior presídio da América Latina. "Aprendi rápido que, em uma cadeia, jurar inocência é quase um hábito. Atrás das grades não existem verdades, apenas versões", diz o autor. As imagens da obra, se não são 100% objetivas - pela própria impossibilidade da tarefa, afinal, o registro é filtrado pelo olhar do fotógrafo - procuram chegar perto disso, mostrando detalhes que poderiam passar despercebidos ou seriam inacessíveis ao visitante do Carandiru, como a vista do entorno do presídio que alguns presos tinham de suas celas e alguns bichos de estimação que circulavam pelos corredores, como gatos e até um pequeno macaco. As 111 imagens publicadas são todas em preto-e-branco e foram selecionadas entre mais de mil fotos feitas em cerca de 50 visitas do fotógrafo ao presídio ao longo de 2002.
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