Porto Editora investe em Moçambique
PublishNews, 27/02/2004
Já é velha a história dos dois vendedores de sapatos que, chegando a um país onde todos andavam descalços, tiveram reações completamente opostas: o pessimista achou que não havia o que fazer ali, já que ninguém parecia comprar calçados; o otimista viu um mercado potencial, pois ninguém tinha sapatos ainda. O grupo português Porto Editora provavelmente passou por um dilema parecido ao avaliar a viabilidade de investimentos em Moçambique. Com um analfabetismo de 56,7% (2001), esta nação africana marcada por guerras e pobreza - a expectativa de vida é de 38 anos - poderia não parecer muito atraente à primeira vista. Por outro lado, a carência educacional é enorme e a potencialidade do mercado de livros didáticos não poderia ser desprezada. O grupo lusitano, com a experiência de ser o líder do mercado português de livros escolares e dicionários, adotou então a postura otimista e fundou, em outubro de 2003, a Plural Editores, uma editora sediada em Moçambique. Na cerimônia de apresentação da empresa, no último dia 23 de outubro, em Maputo, Alcino Nguenha, Ministro da Educação de Moçambique, ressaltou que vê na editora "um parceiro de Moçambique que irá jogar um papel importante no desenvolvimento da cultura e educação no país". E as palavras de Nguenha ganham peso na medida em que o Ministério da Educação de Moçambique atribuiu ao Grupo Porto Editora, já em agosto de 2003, a responsabilidade de editar mais da metade dos novos livros didáticos referentes à reforma curricular do Ensino Básico daquele país. Os livros já estão à disposição dos "miúdos" moçambicanos desde janeiro, quando chegaram às escolas. Segundo a Porto Editora, a colaboração de autores e especialistas moçambicanos foi de enorme importância em todo o processo de edição dos livros. O grupo português já investiu mais de US$ 1 milhão na Plural Editores, cujo primeiro título foi o Código Civil de Moçambique, em parceria com a consultoria KPMG daquele país.
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