Em O erotismo (Arx, 440 pp., R$ 54), o filósofo franc6es Georges Bataille explica a ligação do erotismo com o santo, o profano, a morte e a vida, através de exemplos que vão de Marquês de Sade a rituais vodus. Nessa obra, Bataille considera que o erotismo é uma experiência que permite ir além de si mesmo e que supera a descontinuidade que condena o ser humano. Mais radical do que uma teoria sobre o erotismo, esse livro de Bataille tudo sacrificou para "buscar um ponto de vista de onde se possa vislumbrar a unidade do espírito humano". Segundo Bataille, no erotismo, o homem descobre mais do que a vida porque a vida está paradoxalmente sempre morrendo para continuar a viver - a vida do homem é a vida de "indivíduos morrendo soladamente numa aventura ininteligível, mas sempre na nostalgia da continuidade perdida". Para Bataille, o grande sofrimento humano frente à morte não é aquele de perder a "vida", mas o de ser arrancado de sua descontinuidade, isto é, de sua individualidade finita e transitória.