O crime organizado chegou a patamares tenebrosos nos dias atuais. Para constatar isso, basta ler as manchetes quase diárias sobre violência nas primeiras páginas dos jornais brasileiros. Mas nem sempre foi assim. A leitura de Boca do Lixo (Labortexto, 264 pp., R$ 29,90), de Hiroito de Moraes Joanides, mostra exatamente isso. Hiroito era figura notória nas páginas do jornalismo brasileiro nas décadas de 1950 e 1960 e chegou a ser conhecido como um dos reis da Boca do Lixo paulistana, região que era o principal ponto de encontro de boêmios, malandros e prostitutas no uiverso noturmo de então. Quando é preso, Hiroito escreve Boca do Lixo, livro em que mistura sua história com a formação, o auge e a decadência da Boca. Como Marçal Aquino, que assina a orelha da obra, afirma, "as histórias da Boca contadas por Hiroito de Moraes Joanides evocam um tempo e um crime style que desapareceram. Pertencem agora, assim como todos os seus personagens, à categoria de lenda. Num momento em que livros-depoimento nos dão notícias de um Brasil conflagrado, o relançamento de Boca do Lixo é mais do que pertinente, já que propicia, ao ser cotejado com seus similares contemporâneos, um material muito rico para reflexão, ajudando a compreender no que se transformou este país de cidades sitiadas pelo crime."