Esvaziada, Feira de Londres joga a toalha e cancela sua edição de 2020
PublishNews, Leonardo Neto, 04/03/2020
Este é o quarto evento europeu de relevo internacional cancelado por conta da epidemia de coronavírus

A Reed Exhibitions, organizadora da Feira do Livro de Londres anunciou, na manhã desta quarta-feira (04), o cancelamento da edição de 2020 do evento que estava marcado para acontecer na próxima semana (de 10 a 12). A razão é a escalada da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus que se tornou uma epidemia na Europa.

Londres é a feira mais importante do primeiro semestre e esperava receber mais de 25 mil profissionais de todo o mundo para a realização de negócios, em especial compra e venda de direitos autorais.

O cancelamento de Londres, diferente do que ocorreu com a Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha e o Salão do Livro de Paris, não se deu por uma diretriz governamental. O comunicado oficial da Reed Exhibitions deixa claro que a empresa tentou seguir a orientação das autoridades sanitárias do Reino Unido. “Por isso, é com relutância que tomamos a decisão de não prosseguir com o evento este ano”, diz o documento.

Muitos dos principais expositores internacionais já tinham tomado a decisão de abandonar a sua participação na feira. Como o PublishNews já havia noticiado em edições anteriores, HarperCollins, Macmillan, Simon & Schuster, Hachette, Mauri Spagnol, Ingram e Overdrive já tinham anunciado que não levariam suas equipes para o evento. Além destas, a Penguin Random House, Pan Mac, Amazon e as agências literárias Curtis Brown, Blake Friedmann, Darley Anderson e Jo Unwin também tiraram seu time de campo.

O jornal britânico The Guardian apontou que muitos no setor ficaram zangados com a Reed por ter adiado o cancelamento e forçado editoras e agências a resolver o assunto por conta própria. Um editor sênior que preferiu não se identificar disse ao jornal: “A Reed é uma empresa enorme e muito lucrativa. Entendo que, se eles cancelassem na semana passada, teriam sofrido um golpe financeiro, mas isso seria a coisa mais responsável a se fazer. Eles estão citando conselhos do governo, mas é realmente irresponsável, na atual situação, ter uma reunião em massa de editores internacionais. Eles fizeram um jogo de gato e rato muito feio. Isso está fazendo muitas editoras se perguntarem o quanto precisam da Feira do Livro de Londres. Temos Frankfurt, que é a principal feira do calendário global. Eu acho que eles prejudicaram a sua reputação”.

De acordo com o The Bookseller, o governo britânico estuda declarar o vírus uma “doença notificável”, o que poderia ajudar as empresas a acionar seguradoras para cobrir suas perdas.

Companhias aéreas já emitiram comunicados específicos para voos que saem do Norte da Itália e da China, onde há maior concentração de pessoas infectadas. A Latam, por exemplo, chegou a cancelar temporariamente a sua rota para Milão, garantindo aos passageiros condições para remarcar gratuitamente ou solicitar reembolso integral da tarifa paga. A British Airways também garante remarcações ou reembolsos livres de taxas para voos com origem ou destino na China.

No entanto, não há condições específicas para voos entre os aeroportos brasileiros e britânicos. Reembolsos e remarcações, a rigor, seguem o estabelecido conforme a tarifa paga. O que está acontecendo é que, em alguns casos, as companhias aéreas estão fazendo a remarcação gratuita, livre de taxas. O reembolso, no entanto, não é garantido. A recomendação é, portanto, entrar em contato com a agência emissora ou com a companhia aérea conferir as possibilidades.

Entre ontem e hoje, foram confirmados mais 11 casos de covid-19 no Reino Unido, totalizando 51 pessoas infectadas. Nenhuma morte em decorrência da doença foi registrada no país.

A transmissão do corona vírus é feita de pessoa para pessoa via gotículas respiratória ou contato. Ao tossir ou espirrar, as autoridades recomendam, tapar a boca e nariz com um lenço descartável ou colocando a dobra do cotovelo para conter possíveis gotículas contaminadas. Há ainda a recomendação para manter as mãos limpas, lavando com sabonete por pelo menos 20 segundos e/ou higienizando com álcool gel e evitar o contato da mão suja com nariz, boca e olhos.

Pessoas que viajarem para áreas onde já há casos de contaminados e apresentarem sintomas da doença – febre, tosse e dificuldade para respirar – devem procurar os serviços de saúde para acompanhamento.

[04/03/2020 10:00:00]