Sextante, 13 anos e 53 milhões de livros vendidos
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 07/10/2011
Nesta entrevista, Tomás Pereira adianta os assuntos de sua palestra na Feira de Frankfurt

Aos 13 anos de idade, a Sextante é hoje a editora com mais livros na lista de mais vendidos do PublishNews. Apesar de ter editado Leonardo Boff em 2000 e Augusto Cury em 2002, e de agora estar investindo mais fortemente em autores brasileiros (ela acaba de assinar com o consultor best-seller Gustavo Cerbasi), seu forte são os títulos estrangeiros. Ela compra, em média, 70 deles por ano. O diretor Tomás Pereira contará um pouco de sua experiência à frente de uma das mais bem-sucedidas editoras brasileiras no dia 11 de outubro na 25th International Rights Directors Meeting, da qual participam ainda a agente Lucia Riff e o editor Eduardo Blucher. O tema se sua apresentação será “O que esperar quando muito é esperado”. Nesta entrevista, Tomás fala sobre acertos e erros, os fatores do sucesso, livro digital, sua palestra na Feira de Frankfurt e outros assuntos.

Com apenas 13 anos, a Sextante é hoje a editora com mais livros na Lista de Mais Vendidos do PublishNews. Qual é o segredo?

Não há um segredo, mas uma série de fatores que, bem encaixados, têm dado bons resultados. A ver: uma longa história no mercado editorial (meu avô, José Olympio, e meu pai Geraldo Jordão, forma editores); um grupo familiar (pai, mãe e dois irmãos trabalham juntos e se admiram, se respeitam, têm talentos complementares e objetivos claros em comum); o desejo (vocação) de oferecer uma contribuição significativa para as pessoas; o foco em temas de grande relevância e universalidade; um enorme cuidado e investimento na edição de cada livro; tiragens mais altas para viabilizar preços acessíveis (não aumentamos nossos preços há 13 anos); consistência na relação com agentes e editores estrangeiros, gerando bons resultados em direitos autorais e atraindo, assim, novos importantes autores; uma equipe muito dedicada e comprometida que trabalha conosco há muitos anos; um bom ambiente de trabalho; relações saudáveis com nossos clientes e fornecedores; o desejo de inovar, se destacar, ser diferente e tratar todas as pessoas com respeito e atenção (a gente tenta!).

Quem é o leitor dos livros da Sextante?

Nosso primeiro critério ao contratar um livro é a universalidade de sua mensagem. Em outras palavras, não sei dizer com precisão quem é nosso leitor, mas queremos sempre que a contribuição de nossos livros seja relevante para muitos leitores – jovens e adultos, homens e mulheres, das grandes cidades e do interior.

Quantos livros a editora tem em catálogo? Quantos exemplares foram vendidos até hoje? Quais foram os cinco maiores sucessos da editora até agora?

Temos 400 livros em catálogo e já vendemos cerca de 53 milhões de livros.

Os maiores sucessos:

A Cabana – 3 mi

O monge e o executivo – 2,8 mi

O código Da Vinci – 1,8 mi

Você é insubstituível – 1.750.000

Nunca desista de seus sonhos – 1.720.000

Que tipo de livro estrangeiro tem melhor aceitação pelo leitor brasileiro?

Em nossa experiência, autoajuda, espiritualidade, ficção comercial.

Que tipo de livro faz sucesso no mercado internacional mas não funciona no nacional?

Não fomos bem sucedidos em nossas experiências com livros de divulgação científica e parenting.

Quantos títulos estrangeiros a Sextante compra por ano?

70

As feiras ainda são os melhores lugares para comprar direitos?

Não necessariamente. São os melhores lugares para aprofundar e ampliar as relações com os agentes e editores estrangeiros.

O que é importante saber sobre o mercado editorial brasileiro antes de tentar vender direitos de livros aqui?

Que nossas tiragens médias ainda são baixas

Qual é a posição da Sextante com relação ao livro eletrônico?

O livro eletrônico trará imensos benefícios aos leitores (facilidade de acesso aos livros, capacidade de aumentar o tamanho da letra sem aumentar o preço do livro etc) e ao crescimento do mercado.

Quantos e-books já estão disponíveis e qual é a meta para 2012?

Hoje, temos 60 e-books. Para 2012 serão 200.

O livro impresso ainda é um bom negócio no Brasil. Para quando prevê a popularização do livro digital?

O livro impresso ainda tem muito – uma enormidade, aliás – a crescer no Brasil. Minha previsão para a popularização do livro digital, ou seja, que ele se torne 20 % das vendas das editoras, é para 2014.

Qual é a maior obstáculo para que livro digital ganhe espaço no mercado brasileiro?

O preço e a rede de distribuição dos leitores digitais.

O que abordará no seminário da Feira de Frankfurt?

O título da minha apresentação será “What to expect when too much is expected”. Vou começar com alguns dados básicos sobre o Brasil. Quero mostrar o crescimento do país nos últimos dez anos, explicar por que o mercado editorial cresceu e tem se tornado cada vez mais competitivo no lado das editoras, e apontar os desafios, oportunidades e limitações para ampliar os canais de distribuição dos livros e gerar um crescimento realmente significativo no número de exemplares vendidos.
[07/10/2011 00:00:00]