O Grupo Editorial Record - composto pelas editoras Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio, Best Seller e Verus - decidiu que não inscreverá mais livros no Prêmio Jabuti, deixando assim de particiapar da premiação realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Segundo o comunicado à imprensa, está postura se manterá "até que as regras e critérios de escolha do Livro do Ano sejam modificadas". Sergio Machado, presidente do Grupo, enviou uma carta à CBL e à Comissão do Prêmio Jabuti comunicando esta decisão e fazendo fortes críticas. "É evidente que a premiação foi pautada por critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro-editorial", declarou o editor em relação à edição deste ano do Jabuti. Enquanto durar este boicote, restará aos autores do Grupo Record a opção de concorrer ao Jabuti como escritores, de forma individual. "Fica claro que a posição da editora não impede que cada autor se inscreva individualmente no prêmio, o que é perfeitamente possível e legítimo", afirma o comunicado.
O PublishNews tece acesso à carta enviada à CBL e a publica na íntegra:
Exma. Sra. Rosely Boschini
Presidente da Câmara Brasileira do Livro
Exmo. Sr. José Luis Goldfarb
Presidente da Comissão do Prêmio Jabuti
Prezados Senhores,
O Grupo Editorial Record - composto pelas editoras Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio, Best Seller e Verus - decidiu que não participará da próxima edição do Prêmio Jabuti para claramente manifestar sua discordância com os critérios de atribuição do Livro do Ano de ficção e não-ficção. Tais critérios não só permitem como têm sistematicamente conduzido à premiação de obras que não foram agraciadas em seleções prévias do próprio prêmio como as melhores em suas categorias.
Como editores preocupados com a Cultura e a ampliação da leitura no Brasil, nós entendemos que um prêmio literário visa a estimular a criação literária reconhecendo-a pelo critério exclusivo da qualidade. Não aceitamos - principalmente em um país como o nosso, onde quase sempre o mérito é posto em segundo plano - que o principal prêmio literário atribuído pelo setor editorial possa ser conferido a um livro que não esteja entre aqueles considerados os melhores em seus respectivos gêneros.
Infelizmente, a edição de 2010 do Jabuti não foi a primeira em que essa situação esdrúxula ocorreu. Em outra oportunidade, o mesmo agraciado deste ano preferiu não comparecer à entrega do prêmio, talvez por não se considerar merecedor da distinção. Grande constrangimento na cerimônia. Em 2008, a situação se repetiu, com o agravante de o então vencedor da categoria Melhor Romance do Jabuti ter conquistado também todos os outros prêmios literários conferidos no Brasil. O episódio causou tal estranheza e mal-estar que foi grande a repercussão na imprensa. Na época, passamos a acreditar que seriam feitos os necessários ajustes na premiação para que esses equívocos parassem de ocorrer.
Vimos, porém, que os critérios equivocados continuaram em vigor em 2010, com a diferença somente de o autor agraciado desta vez aceitar a láurea. Tomamos então a decisão de não mais compactuar com a comédia de erros. As normas do Jabuti desvirtuam o objetivo de qualquer prêmio, pondo em desigualdade os escritores que não sejam personagens mediáticos. Para não mencionar fato ainda mais grave: quando é evidente que a premiação foi pautada por critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro-editorial.
Como a inscrição das obras concorrentes ao Jabuti é um ato voluntário de cada Editora participante, e feito de forma onerosa, optamos não mais participar da premiação, até que as medidas necessárias para a correção de seu rumo sejam adotadas.
Atenciosamente,
Sergio Machado
Presidente
Grupo Editorial Record