
A edição de novembro propõe um diálogo entre os livros Bantos, malês e identidade negra (Autêntica), de Nei Lopes, e O corpo encantado das ruas (Civilização Brasileira, 2019), de Luiz Antonio Simas, escolhidos em votação aberta pelo público. Ambos os autores se dedicam, cada um à sua maneira, a investigar as matrizes africanas e populares que formam o Brasil — seja na história, na religiosidade, na linguagem ou nas ruas que compõem o imaginário coletivo.
“Seu interesse principal foi a retificação de um erro histórico, ao dar ao segmento dos escravizados do grupo Bantos sua real importância na história brasileira, em número e qualidade de sua mão de obra”, explica Nei Lopes sobre o livro lançado originalmente em 1988, no Centenário da Abolição. “Esses novos dados tiravam os Bantos da condição de ‘Ancestrais Esquecidos’. Um dos mais entusiasmados com a pesquisa foi o saudoso Abdias do Nascimento, líder inconteste da militância negra no Brasil”.
Para Simas, O corpo encantado das ruas é uma homenagem ao território da convivência e da invenção. “Crianças, funkeiros, amantes desesperados, a beata, a prostituta, a minha mãe, a passista da Mangueira, o filho de Deus e o filho do Diabo, o bicheiro, o empurrador de carro alegórico, o macumbeiro, o portuga do botequim, o Rei Momo, o Menino Jesus do teatrinho da quermesse e a rezadeira suburbana não são objetos da história. São sujeitos dela e desse livro", define o autor.
Chamando Nei de “mestre e parceiro”, Simas diz ter “as melhores expectativas” para o encontro: “Ele, para mim, é uma referência intelectual, e estar com Nei é sempre uma maneira de fraternalmente aprender.” A curadoria e mediação do Clube são de Suzana Vargas, que celebra a força simbólica da data:
“Zumbi mais do que nunca passeia por esses elementos incrustados na nossa fala, na nossa religião e nos nossos gestos. É com alegria que o Clube de Leitura traz essa oportunidade de ouro: conhecer melhor nossas raízes e valorizar nossos saberes ancestrais.”
O encontro terá ainda participação da atriz, poeta e organizadora do Slam das Minas RJ, Gênesis, ampliando o diálogo entre literatura, oralidade e ancestralidade.






