Paula Novais vence segunda edição do Prêmio Caminhos de Literatura
PublishNews, Redação, 10/10/2025
Obra será publicada no primeiro semestre de 2026; Paula participará da Fliporto em novembro e Flipoços, em 2026

Paula Novais | © Valéria Vieira
Paula Novais | © Valéria Vieira
Paula Novais é a vencedora da segunda edição do Prêmio Caminhos de Literatura — premiação dedicada a romances inéditos de autores estreantes de todo o Brasil e idealizada por Henrique Rodrigues, ex-gestor do Prêmio Sesc de Literatura e colunista do PublishNews. Com o romance Gaiolas de concreto armado, a escritora e advogada, nascida em Minas Gerais e radicada no Rio de Janeiro, recebeu destaque máximo da comissão avaliadora, formada por Airton Souza e Cintia Moscovich. Eles analisaram as 20 obras pré-selecionadas pelas subcomissões do prêmio. Divididas em duplas de trabalho, as subcomissões foram constituídas por Marcela Dantés, Rodrigo Casarin, Débora Ferraz e Tiago Germano.

A obra vencedora acompanha o drama do luto gerado pela pandemia e o encontro intergeracional de duas mulheres e será publicada pelas editoras Dublinense (no Brasil) e Kacimbo (em Angola) no primeiro semestre de 2026. Ainda neste ano, a autora participará, no dia 15 de novembro, da Fliporto, em Recife. A mesa terá a presença de Henrique Rodrigues e Airton Souza, representando o júri. Em maio de 2026, está também confirmada a participação da autora no Flipoços, em Poços de Caldas, Minas Gerais. Além disso, Paula receberá uma mentoria sobre carreira e mercado literário coordenada por Rodrigues.

"'A língua estende-nos pão e água, aquece-nos com o seu corpo, sem olhar as escaras na nossa pele. Quando damos conta, estamos sozinhos nesse país onde a água para matar a sede se vende a troco de sangue.’ Penso que essa passagem da escritora Djaimilia Pereira de Almeida — que anotei enquanto escrevia Gaiolas de concreto armado — explica um pouco da minha imensa alegria, ao saber que havia sido escolhida pelo júri do Prêmio Caminhos. Me sinto muito honrada de agora fazer parte do percurso corajoso da premiação, tão importante para os escritores em busca de uma primeira oportunidade e para a literatura brasileira.”, celebra Paula.

Autor de mais de 20 livros, curador do Prêmio Pallas e um dos idealizadores do Prêmio Sesc de Literatura, Henrique Rodrigues ele confirma a renovação da parceria com a Dublinense e com a Kacimbo para a próxima edição: “Esse resultado é magnífico, porque os jurados selecionaram a obra pelo critério da qualidade literária, sem nenhum favorecimento ou olhar cerceador para qualquer conteúdo ou temática. O romance de Paula Novais é incrivelmente bem escrito, com técnica de quem conhece o ofício da escrita e tem olhar sensível para a nossa história recente. E fico especialmente feliz pela descoberta de mais uma mulher, contribuindo para minimizar a desigualdade de gênero que existe no meio editorial.”, aponta Rodrigues.

A Dublinense traz em seu catálogo nomes da literatura brasileira contemporânea, como Natalia Borges Polesso, Carol Bensimon, Julia Dantas e Rogério Pereira. A editora pagará à autora vencedora um adiantamento de R$ 5 mil e começa agora o trabalho de edição da obra. "Depois do sucesso de mãezinha, recebemos com muita alegria a notícia de mais uma voz feminina a ganhar espaço pela potência da sua literatura", explica Rodrigo Rosp, editor da Dublinense.

“A editora Kacimbo congratula o Instituto Caminhos pelo veredicto, e espera que, para a premiada Paula Novais, publicar em Angola seja uma parte bonita e cultural desta iniciativa.”, revela Ondjaki, que faz parte do conselho editorial da Kacimbo.

Responsáveis pelo veredicto final, Airton Souza e Cintia Moscovich avaliaram as 20 obras pré-selecionadas e destacaram a diversidade temática das obras selecionadas. Sobre o romance vencedor, eles foram unânimes: “Gaiolas de concreto armado tem um trabalho com a linguagem que atravessa o nosso tempo. Uma narrativa que fascina porque escancara feridas abertas que atravessam a história brasileira, sobretudo, marcada pelas violências contra as mulheres. E, por conta disso, é um romance essencial, porque traz em seu enredo uma história coletiva em nome da vida.”, destaca Airton Souza.

“Gaiolas de concreto armado é um livro marcado pela sabedoria de quem sabe narrar. Cru, forte e denso: as cenas de abuso sexual, embora cruéis, são necessárias e convincentes, plenas daquela violência que as mulheres escondem, mas que precisa ser escancarada e escancarada até não mais existir. Uma obra bela e triste.”, completa Cintia Moscovich.

[10/10/2025 09:09:27]