24ª FIL celebra os 60 anos de carreira do escritor Ignácio de Loyola Brandão
PublishNews, Redação, 07/07/2025
Presente em todas as edições da feira desde seu lançamento, o autor terá uma homenagem especial no evento, com exposição e espetáculo teatral, além de participar do Salão de Ideias

Ignácio de Loyola Brandão será homenageado em Ribeirão Preto | © Divulgação / FIL
Ignácio de Loyola Brandão será homenageado em Ribeirão Preto | © Divulgação / FIL
A programação da 24ª edição da Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto (FIL), que ocorre entre os dias 15 e 24 de agosto, vai celebrar a trajetória literária de Ignácio de Loyola Brandão, que em 2025 completa 60 anos de carreira. A homenagem especial terá exposição, espetáculo teatral e palestra. Toda a programação é gratuita.

Na entrada do espaço Ambient de Leitura – na Esplanada do Theatro Pedro II –, fotos, textos, livros, desenhos e objetos pessoais do escritor compõem a exposição comemorativa “Entre Distopias e Delicadezas”, que poderá ser visitada durante todo o evento. Entre as peças, estão um globo terrestre apontando todos os países onde a obra de Loyola foi traduzida, cadernetas de anotações, caderno de caligrafia alusivo ao carinho do autor por sua professora primária, entre outros itens.

A Cia Dois Palitos apresenta o espetáculo infantojuvenil “Encaramiloyola”, que une literatura, música e teatro a partir de quatro livros de Ignácio de Loyola Brandão. A montagem contou com a consultoria do próprio autor e traz uma trilha sonora composta por músicas que estavam nas paradas das rádios na época em que cada livro foi escrito. O figurino remete aos estilos de cada período retratado e o cenário é inspirado na memória afetiva do escritor. As apresentações serão realizadas no dia 21 (quinta-feira), às 9h30, no Teatro Auxiliadora, e no dia 22 (sexta-feira), às 14h30, na sala principal do Theatro Pedro II. A participação de escolas é gratuita, mas requer agendamento prévio.

Salão de Ideias

No dia 23 de agosto (sábado), às 14h30, Ignácio participa de uma sessão especial do Salão de Ideias ao lado de seu filho, o documentarista André Brandão. O encontro, no auditório Meira Júnior, celebra os 60 anos de carreira de Loyola e traz à conversa temas que também inspiraram o documentário Não sei viver sem palavras, dirigido por André e baseado na trajetória e na obra do autor, que é membro da Academia Brasileira de Letras.

Histórias entrelaçadas

Para Adriana Silva, curadora da FIL e vice-presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto – entidade responsável pela realização da FIL –, a homenagem às seis décadas de trabalho literário de Ignácio de Loyola Brandão vai além do aplauso à trajetória de um autor consagrado. “Celebramos um tempo vivido em letras, registrando absurdos cotidianos, projetando futuros e reconstruindo memórias por meio de uma literatura que pulsa com o humor do sarcasmo, a dor da lucidez e o lirismo das pequenas epifanias. Cada livro, crônica ou frase de Loyola é uma faísca que ilumina o escuro”, destaca Adriana Silva.

Presença constante e afetiva desde a primeira edição da Feira do Livro, Ignácio de Loyola Brandão tem papel fundamental na construção da identidade do evento ao longo dos anos. Para a curadora Adriana Silva, o vínculo entre o autor e a feira vai além da literatura. “A FIL é sua casa. Loyola é um parceiro para a Fundação. Ele faz parte da história da feira porque esteve presente em todas as edições desde seu lançamento, sempre renovando suas contribuições com a pauta do ano e revisitando suas obras. Tê-lo na FIL é sempre uma chance de evidenciar os talentos da literatura brasileira. Loyola não apenas escreve histórias. Ele as acende”, pontua.

Literatura como resistência

Nascido em Araraquara, Ignácio de Loyola Brandão é autor de contos, crônicas, romances, histórias infantojuvenis e peças teatrais. Membro da Academia Brasileira de Letras, onde ocupa a cadeira nº 11, ele afirma que “escreve para não enlouquecer, para resistir, para lembrar que ainda estamos aqui”. Com mais de 40 livros publicados – muitos traduzidos para diversos idiomas – é ganhador de cinco Prêmios Jabuti e de outros importantes reconhecimentos nacionais e internacionais. Aos 88 anos, segue em plena produção literária.

Entre seus títulos mais festejados estão Zero – considerado um dos principais romances brasileiros do século 20 e proibido durante a Ditadura Militar –, Não verás país benhum, O homem que odiava segunda-feira, O Verde violentou o muro e Deus, o que quer de nós?, escrito durante a pandemia do coronavírus. Atualmente, a maior parte da sua obra é publicada pela Editora Global.

Na perspectiva de Adriana Silva, “a escrita de Loyola Brandão é bússola e vertigem, crônica e profecia, espelho e estilhaço. Seja no campo da distopia, do humor ou da narrativa do dia a dia, suas obras são sempre uma oportunidade de reflexão”, finaliza a curadora da FIL.

[07/07/2025 11:10:00]