Fliaraxá 2025 homenageia Scholastique Mukasonga
PublishNews, Redação, 03/06/2025
Evento será realizado de 1º a 5 de outubro de 2025, no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá, em Araxá (MG), com entrada gratuita

Agripa Vasconcelos, Fernando Braga de Araújo e Scholastique Mukasonga: Fliaraxá 2025 | © Arquivo pessoal / Crys Jardim / Juliana Lubini / Fliaraxá
Agripa Vasconcelos, Fernando Braga de Araújo e Scholastique Mukasonga: Fliaraxá 2025 | © Arquivo pessoal / Crys Jardim / Juliana Lubini / Fliaraxá
Programada para o mês de outubro, a 13ª edição do Festival Literário Internacional de Araxá (Fliaraxá) traz o tema “Encruzilhada, Literatura e Memória”, reafirmando o poder da literatura como instrumento de resistência, reconstrução e escolha ética. Os curadores desta edição são os escritores Jeferson Tenório, Bianca Santana e Sérgio Abranches.

A autora convidada internacional e homenageada é a escritora ruandesa Scholastique Mukasonga, sobrevivente do genocídio em Ruanda, que tem emocionado leitores em todo o mundo ao transformar a dor em narrativa literária e consciência crítica. O escritor homenageado local é o araxaense Fernando Braga de Araújo, autor da coleção Araxá põe a mesa, que resgata a história gastronômica do município e foi construída com base nas receitas de famílias da cidade. O patrono é Agripa Vasconcelos, autor de Vida em flor de Dona Beja, livro que mistura história e ficção ao retratar a figura de Ana Jacinta de São José, célebre moradora de Araxá.

O Fliaraxá será realizado de 1º a 5 de outubro de 2025, no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá, em Araxá (MG), com entrada gratuita.

Referente ao tema do evento, o idealizador Afonso Borges acredita que “a humanidade está na encruzilhada, com forças sombrias apontando caminhos errados. A encruzilhada nos coloca o caminho da ética como única opção. Na encruzilhada em que estamos, precisamos da literatura como farol. A palavra nos oferece a chance de imaginar caminhos novos, onde ainda existe a mínima esperança”, acredita.

Ao eleger a memória como eixo temático, o festival convida o público a refletir sobre o valor do passado como instrumento de conscientização. “A memória, nesse contexto, é mais do que lembrança – é responsabilidade, é construção ativa de um futuro onde a dignidade humana seja preservada. Em tempos de apagamentos e negações, a literatura torna-se um território de resistência, onde vozes silenciadas encontram eco”, conclui Afonso Borges.

Um dos destaques do Fliaraxá é o Prêmio de Redação e de Desenho que se mantém nesta edição e envolve escolas públicas e privadas de Araxá. A programação inclui ainda debates com convidados nacionais e internacionais, oficinas, lançamentos literários, programação infantojuvenil, exposição e atrações culturais.

Fernando Braga de Araújo

Aos 84 anos, o araxaense Fernando Braga de Araújo será o autor homenageado local do 13º Fliaraxá. Membro mais antigo da Academia Araxaense de Letras, da qual também foi presidente, Fernando é advogado, pecuarista, escritor e figura ativa na vida cultural da cidade. Ocupou cargos relevantes como superintendente do Grande Hotel, secretário de Turismo e presidente do Codema, do Clube Araxá e da Fundação Cultural Calmon Barreto – onde implantou a Escola Municipal de Música e o Museu Sacro.

Agripa Vasconcelos

O patrono desta edição, Agripa Vasconcelos, foi uma das vozes literárias mais emblemáticas de Minas Gerais no século XX. Nascido em Matozinhos em 1896, mudou-se ainda criança para Sete Lagoas e formou-se em Medicina no Rio de Janeiro, em 1920 — mesmo ano em que publicou seu primeiro livro, o volume de poesias Silêncio. Aos 25 anos, tornou-se o mais jovem imortal da Academia Mineira de Letras, onde ocupou a cadeira nº 3. Em paralelo à medicina, desenvolveu uma vasta produção literária, com romances, ensaios, poesia e literatura infantil. Sua obra mais conhecida é a Saga do País das Gerais, composta por seis romances históricos. Seus livros, que entrelaçam fé, lenda, sofrimento e paixão, renderam adaptações televisivas marcantes, como Dona Beija (1986) e Xica da Silva (1996). Premiado pela Academia Brasileira de Letras, Agripa construiu um legado que celebra a identidade mineira e permanece vivo na memória literária do país.

Scholastique Mukasonga

Nesta edição, o festival homenageia uma das vozes literárias mais potentes do nosso tempo: Scholastique Mukasonga, escritora ruandesa de expressão francesa, nascida em 1956 na cidade de Gikongoro. Em 1992, dois anos antes do genocídio contra os tutsis – etnia à qual pertence –, Mukasonga se refugiou na França, onde vive até hoje. Em abril de 1994, perdeu grande parte de sua família no massacre promovido por extremistas hutus. Sua obra literária é um testemunho visceral dessa tragédia e um grito de alerta contra as violações dos direitos humanos. Livros como Nossa Senhora do Nilo, A mulher de pés descalços e Baratas entrelaçam memória individual e coletiva com força poética, denunciando a violência, o abandono internacional e os traumas irreparáveis da guerra. Traduzida para mais de 20 idiomas, publicada pela prestigiada Gallimard, na França, e editada no Brasil pela Editora Nós, Scholastique é vencedora do Prêmio Renaudot e finalista do National Book Award, consolidando-se como uma das autoras mais importantes da literatura contemporânea.

13º Festival Literário Internacional de Araxá (Fliaraxá)

De 1 a 5 de outubro de 2025 (quarta-feira a domingo)

Local: Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá - Av. Ministro Olavo Drummond, 15 – São Geraldo, Araxá (MG)

Entrada gratuita

Há 13 anos, a CBMM apresenta o festival, via Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com a parceria da Bem Brasil e apoio cultural Centro Cultural Uniaraxá, TV Integração e Academia Araxaense de Letras.

Tags: Fliaraxá
[03/06/2025 11:16:13]