
Na última sexta (30), ocorreram as rodadas de pitching editorial de mercado editorial no Rio2C. Ao todo, 12 participantes expuseram seus projetos para a Comissão Editorial e para o público no Creator Square Stage, na Cidade das Artes. Destacadas por sua criatividade, as apresentações trouxeram projetos ainda em fase de desenvolvimento.
Cada uma das pessoas participantes tinha cinco minutos para apresentar seu projeto e, em seguida, sete minutos para responder às perguntas dos membros da banca – que continha integrantes da Comissão Editorial do evento, responsável por aprová-los no processo de seleção. As apresentações tiveram temas variados, entre adaptações infantis sobre o folclore brasileiro, a história do trap, dark academia em Nova Friburgo, ancestralidade negra e uma história em quadrinhos sobre bate-bola.
Os seis talentos de cada categoria foram escolhidos entre os 181 projetos inscritos no Pitching Editorial – Adaptação de Livro para o Audiovisual, e os 66 projetos inscritos no Pitching Editorial – História Original para Publicação, totalizando 247 projetos. Para efeitos de comparação, em 2024, o Rio2C recebeu 198 projetos para o Pitching Editorial.
Pautado pelo tema The Edge of Perfection (No Limiar da Perfeição), o evento novamente abriu espaço para a indústria editorial, realizando sessões de pitching e reservando espaços na programação para assuntos relacionados à escrita e à produção de livros.
Alice Mello, editora executiva da HarperCollins, e Antonio Castro, editor de aquisição da Intrínseca, foram ao Rio2C pela primeira vez e fizeram parte da banca do pitching. Eles destacaram o caráter criativo dos projetos, a diversidade de formatos e o interesse por temas brasileiros. "Acho que os projetos mostram um pouco da fase atual da literatura brasileira, que é bem ampla, com autores querendo escrever histórias sem querer copiar coisas de outros cenários", comenta Alice.
A fundadora da WePlot e membra da Comissão Editorial em 2024 e 2025, Ana Luiza Beraba, afirma que há ainda, entre as inscrições, um volume muito grande de livros autopublicados. Ou seja, são livros e obras que ainda não passaram pelo filtro de uma editora, o que faz com que os conteúdos apresentados sejam mais irregulares.
Uma pesquisa entre os participantes do pitching mostra que o perfil dos selecionados em 2025 era de pessoas que tinham mais experiência em outros setores criativos. Isso, de acordo com Ana, dá um certo respaldo e uma autoridade extra ao projeto. "Se aquele projeto já teve envergadura para atrair outros tipo de de público, isso quer dizer que ela já passou por uma etapa de validação, o que é muito importante no audiovisual", diz.
Lucas Pelegrineti foi o primeiro a apresentar no pitching editorial de História Original para Publicação. Cada vez mais imerso em contar histórias que retratem a cultura brasileira, o animador carioca já tem uma obra publicada no universo do Irmão do Jorel, chamado Livro fenomenal do irmão do Jorel (HarperCollins). No Rio2C, ele apresentou seu projeto sobre uma reeleitura da figura do Saci Pererê.
"O divertido é apresentar como se você estivesse contando uma história, pensando em fazer algo que engaje e seja uma forma de entretenimento. Eu quero que as pessoas vejam a história acontecendo, e não um texto meramente explicativo sobre o trabalho", comenta.
Leandro Melquiades apresentou o desenvolvimento da dramaturgia de sua peça ERÊ, com foco em valorizar a identidade e ancestralidade negra de forma lúdica e educativa. Dono de uma empresa, ele já tinha participado de pitchings, mas destaca que o trabalho criativo e artístico em torno dos projetos torna a sensação diferente: "Aqui a criatividade vai na frente. Na apresentação de uma empresa, você precisa de números, é algo mais matemático. Aqui a criatividade vem na frente".

Ela ressalta também um dos comentários que recebeu da banca após sua apresentação, sobre a importância de mostrar para o público do pitching que o projeto não é apenas uma pesquisa, mas sim algo que constitui a sua trajetória.
O público dos pitchings
Abordando algumas pessoas da plateia presentes nos dois pitchings, percebe-se um perfil variado de espectadores, como estudantes universitários, fotógrafos, roteiristas, criadores de conteúdo, editores. "Insisto que essa convocatória para a inscrição de projetos editoriais chegue nas grandes editoras, e traga mais editores e produtores para o público, o que daria uma outra relevância para esse pitching editorial", complementa Ana Luiza Beraba.
*A repórter viajou ao Rio de Janeiro a convite do Rio2C.