
O evento começou às 16h e contou com uma apresentação do gerente de Livro e Leitura da Secretaria Municipal de Cultura do Rio, Henrique Dau, que retomou alguns dados sobre o panorama da leitura do Brasil, e falou sobre o cuidado necessário para olhar questões vistas como desafiadoras dentro das políticas de leitura – como, por exemplo, a ação e o impacto das redes sociais. O secretário, que assumiu o cargo no mês de abril, reforçou sobre a postura de valorização da literacidade das pessoas, e da leitura enquanto um hábito que precisa ser fomentado.
Em sua fala, Bebel Werneck, produtora executiva do Rio Capital Mundial do Livro, detalhou como foi o processo da candidatura da cidade para pleitear a vaga, e demonstrou os pontos que faziam do Rio de Janeiro um forte candidato para receber a honraria. Ambos falaram sobre a "constelação" de locais na cidade que são responsáveis pela vida literária, como Real Gabinete Português de Leitura, Biblioteca Nacional, Academia Brasileira de Letras, sede do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Casa Rui Barbosa, Arquivo Geral da Cidade e a Casa Escrevivências (de Conceição Evaristo). Citaram também as "ações âncora", dentro do projeto:
- Noite com Livros
- Book Parade Rio 2025
- Rio de Livros
- Academia Editorial Jr
- Bienal do Livro Rio
"O nosso maior entrave é não poder fazer mais", brincou Henrique Dau. "São tantas possibilidades. Reunir e planejar tudo isso é uma dificuldade pela amplitude de querermos fazer muito mais. É um cuidado de sabermos o que vamos realizar que vamos deixar de legado. O mandato é de um ano, a gente tem que deixar ações e cruzamentos que dêem frutos", disse Bebel Werneck.
A questão do legado é bastante relevante dentro da candidatura, execução e finalização do projeto. Na transição para a próxima capital, o Rio terá que apresentar os resultados das ações para a UNESCO. O investimento previsto ao longo do mandato é de aproximadamente R$ 5,14 milhões.
Tradição da caixa literária
No painel, Bebel e Henrique contaram sobre a nova tradição que querem iniciar nos mandatos de Capital Mundial do Livro. Trata-se da criação de uma Caixa Literária, que será transportada entre as capitais escolhidas anualmente pela UNESCO.
A dupla comentou que houve uma espécie de "união lusófona" na vitória da cidade, uma vez que a capital de Portugal, Lisboa, já tinha tentado sua candidatura, mas não foi escolhida. Dentro desse pensamento coletivo em torno da língua portuguesa, seis países lusófonos da África, Timor Leste e Portugal foram solicitados a escolher duas obras de destaque (uma considerada clássica, e outra contemporânea), que fossem capazes de representar a literatura daquele país. Cada uma das duplas de livros dos países foram então enviadas à Lisboa, onde Portugal também selecionou suas obras contribuintes, para então a caixa ser enviada ao Brasil.
No dia 11 de abril de 2025, a caixa chegou ao Gabinete Português, e, no dia 23 de abril, mesmo dia da posse da cidade, foi apresentada oficialmente para a população. Agora, até abril de 2026, no final do mandato, a caixa circulará pela cidade e estará disponível para a população. Werneck diz que a caixa então será destinada a Rabat, cidade marroquina que fará o mandato de Capital Mundial do Livro em 2026, como um convite para continuar essa nova tradição de intercâmbio e viagem de culturas literárias entre cidades.
Publicações
A apresentação contou também com detalhes das publicações realizadas. A Coleção Clássicos Cariocas terá a reedição de clássicos da história, política, cultura e sociedade da cidade do Rio de Janeiro, como Uma capital para república, de Américo Freire, O sertão carioca, de Magalhães Corre e Rio, 2˚Distrito Federal, escrito por Christian Lynch.
Haverá também a Coleção Bairros Cariocas, que contará com a edição e reedição de títulos que têm como tema a formação e a trajetória de diversos bairros da Capital do Livro. Entre os títulos, citaram: A Rocinha em Construção: a história social de uma favela na primeira metade do século XX, de Mariana Barbosa Carvalho, O parque Madureira: espaço público e lazer no subúrbio carioca, de Daniel Cavalcanti; 2. Rio de Janeiro dos aterros e desmontes: uma construção da modernidade, de Ana Karla Barboza.
SERVIÇO
Rio2C
Data: 27 de maio a 1˚ de junho
Local: Cidade das Artes (Av. das Américas, 5300 — Rio de Janeiro / RJ)
Clique aqui para ver a programação completa.
*A repórter viajou ao Rio de Janeiro a convite do Rio2C.