Um clássico dos estudos afro-americanos
PublishNews, Redação, 28/05/2025
Em 'Cenas da sujeição', Saidiya Hartman demonstra que os elementos fundamentais do período escravista se mantiveram praticamente inalterados nos EUA

Fernanda Silva e Sousa e Marcelo R. S. Ribeiro
Fernanda Silva e Sousa e Marcelo R. S. Ribeiro
Publicado originalmente em 1997 e hoje um clássico dos estudos afro-americanos, Cenas da sujeição (Fósforo, 528 pp, R$ 129,90 – Trad.: Fernanda Silva e Sousa e Marcelo R. S. Ribeiro) ganhou versão ampliada nos 25 anos de seu lançamento. Valendo-se de um amplo conjunto de documentos, entre os quais narrativas de escravizados, diários das plantations, letras de música popular, cartilhas de libertos e casos levados à justiça, Saidiya Hartman demonstra que, mesmo após a Guerra Civil e a abolição, os elementos fundamentais do período escravista se mantiveram praticamente inalterados no país, chegando até os dias atuais — do que nos dão mostra os seguidos episódios de violência policial que fizeram emergir o movimento Black Lives Matter. Cenas da sujeição é dividido em duas partes: escravidão e liberdade. Na primeira, “Formações do terror e do gozo”, Hartman examina os espetáculos de menestréis e de blackface, as estratégias empregadas pelos escravizados para criar zonas transitórias de liberdade — da desaceleração do trabalho às reuniões secretas — e a violência sexual na escravidão, contestando veementemente a ideia de consentimento na relação das escravizadas com seus senhores. Na segunda parte, “O sujeito da liberdade”, vê-se como os aparatos da escravidão sobreviveram na tessitura da nação após a abolição ter sido formalizada. A liberdade advinda da emancipação, aponta a autora, exigia de ex-escravizados pauperizados uma série de obrigações inalcançáveis para se integrarem à sociedade, enquanto a prática da servidão por dívida compunha um novo sistema de exploração.

[28/05/2025 07:00:00]