As agruras da paternidade
PublishNews, Redação, 10/04/2025
Em novo livro, Marcelo Rubens Paiva intercala memórias e acontecimentos familiares para construir uma narrativa sobre a paternidade

Escritor, pai depois dos 50 anos, cadeirante e considerado inimigo pelo governo então vigente: assim Marcelo Rubens Paiva se descreve, neste livro franco e emocional, sequência autobiográfica de Feliz ano velho e Ainda estou aqui ― cujo filme, dirigido por Walter Salles e com Fernanda Torres no papel principal, foi vencedor do prêmio de melhor roteiro do Festival de Veneza e do Oscar de melhor filme internacional. Nas obras anteriores, ele fala sobre o acidente que o deixou numa cadeira de rodas aos 20 anos, o desaparecimento do pai, Rubens, durante a ditadura militar, e a luta da mãe, Eunice, para cuidar sozinha dos cinco filhos, se tornar uma defensora dos direitos indígenas e, por fim, enfrentar o Alzheimer. Desta vez, em O novo agora (Alfaguara, 272 pp, R$ 78,99), é o próprio Marcelo quem está no papel de pai. Às vezes bem-humorado, em outras melancólico, Marcelo mergulha nas agruras da paternidade, ao mesmo tempo em que recorda períodos especialmente duros do país: primeiro, a guinada política que atinge em cheio sua família e artistas. Depois, a pandemia. E, em meio a isso, a lenta fragmentação do casamento. A escrita avança e recua no tempo, retoma memórias de infância e relatos de seus pais e, aos poucos, constrói um retrato complexo de uma família atravessada por crises em diferentes níveis, incerta quanto ao futuro, mas que, aos poucos, aprende a sobreviver.

[10/04/2025 07:00:00]