Lucia Riff é a homenageada do 9º Prêmio PublishNews
PublishNews, Talita Facchini, 1º/04/2025
Agente literária fundadora da Agência Riff receberá o Troféu de Contribuição ao Mercado Editorial no dia 7 de maio; 'Que sensação gostosa essa de saber que você fez a diferença', diz, em conversa com o PN

Lucia Riff | © Felipe Maciel
Lucia Riff | © Felipe Maciel
Nome amplamente conhecido no mercado editorial nacional e internacional, a agente literária Lucia Riff, fundadora da Agência Riff, receberá o troféu de Contribuição ao Mercado Editorial da 9ª edição do Prêmio PublishNews, no dia 7 de maio, no Goethe-Institut São Paulo (Rua Lisboa, 974), a partir das 18h30.

Lucia tem história no mercado editorial. Nascida em 1954, no Rio de Janeiro, chegou a cursar medicina e se formou em psicologia. Trabalhou no editorial da Nova Fronteira e na José Olympio antes de — em sociedade com a agente espanhola Carmen Balcells — criar sua agência literária.

Em 2004, quando Carmen se aposentou, Lucia comprou suas cotas da sociedade e formou com seus dois filhos, Laura e João Paulo Riff, a Agência Riff. “Eu tenho o maior orgulho dessa minha equipe”, disse em conversa com o PublishNews. Atualmente, a Agência tem um time de 14 pessoas. “A maioria delas formaram suas famílias trabalhando na Agência. Nós fomos tocando juntos e quem está aqui há menos tempo, está há cinco anos”.

Representando atualmente mais de 180 autores — entre nomes como Marina Colasanti, Adriana Carranca, Ariano Suassuna, Aline Bei, Caio Fernando Abreu, Eliane Brum, Lygia Fagundes Telles, Ricardo Lísias — Lucia e sua Agência se destacam pelo carinho e lida com cada um de seus clientes. Para ela, o papel da agência é um papel de bastidor. “Isso ficou claro para mim desde o primeiro momento, o meu papel é o do bastidor, não tenho protagonismo nenhum, sempre fui muito discreta”, admite. Por outro lado, não é raro encontrar, em mesas e painéis Brasil afora, autores agradecendo Lucia e sua agência pelo trabalho exemplar.

“Sinto que sou uma agente diferente para cada cliente. Cada um precisa de uma Lucia diferente”, disse em 2022, quando participou do Sabatina PublishNews. Agora, em 2025, ela acrescenta que ajudar um autor e sentir que fez a diferença em sua jornada é o que lhe dá mais prazer. “Quando você sente que fez diferença, seja com um sucesso, seja para ajudar em uma dificuldade, seja para ver um sonho do autor ser realizado. É muito legal, mas também isso traz uma responsabilidade enorme”.

Um trabalho solitário

Além do peso da responsabilidade, Lucia também lembra que o papel do agente literário pode ser pesado e, muitas vezes, solitário. “É difícil porque nem sempre você consegue atingir o resultado que você quer. Nem sempre você consegue deixar todo mundo satisfeito. Então às vezes é um pouco frustrante”, compartilha.

Porém, com quase 35 anos de Agência Riff, Lucia se permite reconhecer o potencial do seu trabalho e a história que tem construído. “No fundo eu sei que eu fiz diferença, que melhorei o contrato que impediu o autor de fazer uma negociação furada ou que consegui sair de uma situação delicada. Mas é um prazer só meu. Que sensação gostosa essa de saber que você fez a diferença”, contou.

Sobre receber o prêmio no dia 7 de maio, Lucia admite: “Eu fiquei meio apavorada. É uma experiência muito nova para mim. Também eu não sei te dizer bem o que estou sentindo”, disse.

Confira abaixo uma rápida entrevista com Lucia Riff.

PublishNews – O que você diria que é o diferencial da Agência Riff?

Lucia: É uma pergunta difícil, mas acredito que a marca da Agência é que tentamos ser muito próximos. O ambiente aqui é muito gostoso e a gente tenta ter um relacionamento bacana com as editoras. Claro que estamos trabalhando para o autor, mas a busca é por algo equilibrada, para fazer com que o autor entenda como o mercado funciona. Gosto de fazer o trabalho de maneira que a coisa fique boa para todo mundo.

No mercado hoje, temos autores do Brasil inteiro, de todas as procedências, de todas as idades. Não é mais um mercado tão focado nos eixos Rio, São Paulo, BH e Porto Alegre, ou tão focado em uma literatura X, Y, Z. Pelo contrário, há uma busca e há um entendimento de que as novas vozes são importantes e têm que ser lidas. Então, acho que o mercado ficou mais generoso, mais aberto.

PN – Qual sua opinião em relação ao mercado editorial brasileiro e a exportação da nossa literatura? Você vê um mercado aquecido? Um bom momento, no geral?

Lucia: Fazendo um balanço desses 34 anos, a diferença é brutal para melhor. O mercado brasileiro dá orgulho. É claro que tem problemas, dificuldades, ups and downs, tem a instabilidade brasileira que é difícil, tem falência de livraria, mas enfim, grosso modo, temos edições muito bonitas, fazemos pagamentos em dia, temos um mercado ativo. Acolhemos novas editoras, temos as bem pequenininhas lançando tiragem pequenas, editoras grandes e editoras novas surgindo a todo instante, e tudo com muita qualidade. Sou bem otimista hoje em dia.

PN – Em diversos eventos por aí, vi autores e profissionais do mercado falando de você com muita gratidão. Como é receber esse carinho e ver que muitos dos seus clientes e contatos viraram amigos para a vida toda?

Lucia: No fundo eu sei que fiz diferença, que melhorei os contratos que impediram o autor de fazer uma negociação furada ou sair de uma situação delicada. Mas é um prazer só meu. Também tem uma coisa muito interna que a gente compartilha aqui na agência – e aí eu acho que também é para todo mundo do mercado editorial – é que o volume de trabalho e a pressão são insanos. Isso não é só para mim como agente, é para o editor, para todo mundo. O pessoal de divulgação. O pessoal de vendas, a cobrança é enorme e é infinita. Quando você lida com expectativas de outras pessoas, acho que a carga fica ainda mais pesada.

PN – O mercado editorial está em constante mudança e evolução. De tudo o que você vem acompanhando, o que você destacaria? Sente saudade de algo?

Lucia: A informática nos ajudou a parar de perder tempo com bobagem. A comunicação ficou muito mais ágil, isso é bom, mas o que aconteceu foi que a gente ganhou tempo e embutiu nesse tempo outras diversas tarefas. Eu gosto, por exemplo, de ter um banco de dados ligando a agência toda, gosto de ter as coisas organizadas e saber que hoje os processos são mais seguros, então não sei se sinto saudade de alguma coisa.

PN – Autores que você admira?

Lucia: Ah, tem muita gente! Tem diversos autores que eu amo, mas vou citar os que abriram a agência: Lygia Fagundes Telles, Sylvia Orthof, Marina Colasanti e Roberto DaMatta. Vou citar mais um, que não abriu a agência, mas ele sabe o que é o amor da minha vida: o Luis Fernando Verissimo. É claro que tem muitos, todos são amados também, mas eu queria homenagear esses.

PN – Um livro da infância que te marcou?

Lucia: Nossa, tenho vários também, mas também os óbvios. Dentre os autores que marcaram minha infância, está justamente o Érico Verissimo, que era a paixão do meu pai. A gente tinha a coleção toda lá em casa e ele ia dando para a gente ler. Como não citar As reinações de Narizinho, né? Acho que foi o primeiro livro grande que eu li. E sempre tive uma paixão quando criança pelo Júlio Verne.

PN – O que você está lendo?

Lucia: De tudo um pouco! Eu tenho uns 20 livros que estou lendo. Não estou exagerando não – na verdade deve ter até mais que isso. São os manuscritos que a gente vai lendo, né. Tem um monte. Fora da agência, eu estou terminando de ler O colibri (Autêntica Contemporânea, de Sandro Veronesi), eu adorei muito. No Carnaval, eu peguei tempo para ler, foi uma sensação quase que de rebeldia ler um livro de fora da agência.

Sobre o Prêmio PublishNews

Desde 2017 o PN promove o Prêmio PublishNews, direcionado a profissionais do setor livreiro das mais variadas competências e áreas de atuação. O encontro é uma rica oportunidade para prestigiar e encontrar amigos e colegas, em uma noite marcada por entrega de troféus, homenagens, networking e a descontração do coquetel após a cerimônia.

Dentre as diversas categorias, o prêmio Contribuição ao Mercado Editorial é definido pelos organizadores, com base na carreira e realização do(da) profissional. Nos anos anteriores receberam o troféu:

  • Paulo Rocco (2017)
  • Alfredo Weiszflog (2018)
  • Luiz Alves Jr. (2019)
  • Karin Schindler (2020)
  • Luiz Cesar Cruz e Roberto Novaes (2021)
  • Carlo Carrenho (2022)
  • Maria Amélia Mello (2023)
  • Jiro Takahashi (2024)

A 9ª edição do Prêmio PublishNews conta com o patrocínio da Bookwire, Catavento, CBL, MVB, Skeelo e Transpo Express. E apoio da ANL, Goethe-Institut São Paulo e NESPE.

[01/04/2025 09:00:00]