Poemas sobre as dores das guerras
PublishNews, Redação, 21/03/2025
'para dançar na cerca elétrica' é preciso força e vontade para agarrá-la, mesmo quando a chuva espalha a tinta fresca que escreve o obituário inenarrável

Em cada verso de para dançar na cerca elétrica (Patuá, 120 pp, R$ 60), Conceição Rodrigues jorra incômodo com o que há de mais cruel e banal no ato de guerrear. Se a desumanização ganha corpo, a poeta conquista o espírito e prega a dança. E "para dançar na cerca elétrica" é preciso força e vontade para agarrá-la, mesmo quando a chuva espalha a tinta fresca que escreve o obituário inenarrável. O cinza toma conta. São armas, balas, lâminas. Algemas, correntes. Neve, fumaça, fuligem. E queima, com fogo, gelo, sol e sal – na ferida. O forno metálico queima gente e a gente vira cinzas que voa nos jardins de solo encharcado de sangue e outros detritos. A dança no voo das cinzas pousa na carne e na sombra. Conceição aponta cada movimento ritmado que surge entre assassinatos e explosões.

Tags: Patuá, Poesia
[21/03/2025 07:00:00]