O que estou lendo: Walther Moreira Santos
PublishNews, Redação, 25/02/2025
Vencedor do 9º Prêmio Kindle de Literatura, o autor de 'O ano do Nirvana' indica 'Lti A linguagem do terceiro Reich'

Vencedor da 9ª edição do Prêmio Kindle de Literatura, Walther Moreira Santos já publicou mais de 40 livros nos gêneros teatro, poesia, conto, romance, memória e infantojuvenil. Em 2023 também foi finalista Prêmio Kindle com a obra O Piloto, e este ano venceu com O ano do Nirvana, obra que apresenta uma narrativa densa e madura e aborda a perplexidade de duas personagens deslocadas.

Walther também é autor dos romances O Ciclista (Prêmio José Mindlin, Prêmio Cidade de Curitiba e finalista do Prêmio São Paulo de Literatura) e Um certo rumor de asas (Prêmio Casa de Cultura Mário Quintana e Prêmio Fundação Cultural da Bahia); O metal de que somos feitos, contos (Prêmio Pernambuco de Literatura e Finalista Prêmio Sesc de Literatura); Todas as coisas sem nome, contos (Prêmio Pernambuco de Literatura); Arquiteturas de vento frio (Prêmio Nacional Cepe de Literatura e Prêmio Academia Pernambucana de Letras ); e O último dia da Senhora Stone, contos, (Prêmio Hermilo Borba Filho de Literatura).

O PublishNews perguntou a Walther o que ele está lendo e esta foi a resposta:

“Estou lendo sobre a Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental. Na verdade, estou lendo cinco livros, porque estou muito preocupado com a questão do neofascismo, então quero aprender com o passado. Estou lendo tudo sobre o neofascismo da Alemanha Oriental e como funcionava a dinâmica, a repressão, tudo isso me interessa. [...] É tudo muito próximo do que a gente está vivendo hoje, é muito perigoso. Destaco então, um livro muito interessante, Lti A linguagem do terceiro Reich”, disse, adiantando que as leituras fazem parte do estudo para o seu próximo livro.

Lit A linguagem do terceiro Reich (Contraponto), de Victor Klemperer: Conhecemos análises sobre o nazismo. Lemos livros de história. Temos relatos de sobreviventes de campos de concentração. Vemos filmes sobre episódios da Segunda Guerra Mundial. Mas não sabemos como era o cotidiano nas cidades alemãs nessa época: a atmosfera que a sociedade respirava, o teor das conversas entre pessoas comuns, os tipos humanos, as esperanças e medos, os heroísmos anônimos, as pequenas covardias.

O filólogo Victor Klemperer registrou tudo isso. Judeu alemão assimilado, convertido ao protestantismo, sem militância política, assistiu com perplexidade ao que lhe parecia inverossímil: a ascensão da barbárie no coração da Europa. Perdeu a cidadania do país que amava, quando a doutrina racial tornou-se lei. Foi afastado da cátedra, das bibliotecas e do convívio normal com os demais. Teve a casa confiscada. Viu amigos e conhecidos e até o próprio filho adotivo aderirem ao regime que o discriminava. Forçado a usar a estrela de Davi sobre a roupa, como forma de identificação, conheceu todas as humilhações. Escapou dos campos de concentração graças à mulher, Eva Klemperer, uma "ariana" para usarmos o termo da época que se recusou a abandoná-lo, acompanhando-o nas Judenhauser [casas de judeus] como fiadora da sua sobrevivência. Durante a guerra, Victor foi enviado como trabalhador manual para as fábricas carentes de mão de obra. O desespero e a morte rondaram, durante anos, a vida dos dois. A vingança foi escrever um diário.

Victor acordava às 3: 30h da manhã para registrar tudo, clandestinamente. Eva contrabandeava as observações para a casa de uma amiga fiel. Elas descrevem, vistas de dentro, a ascensão do nazismo, a glória do regime, a adesão das massas, a onipresença de um poder totalitário, as perseguições, a guerra e, finalmente, a derrota. Mostram muitos aspectos desse processo, mas têm um fio condutor, o estudo da linguagem

Lti A linguagem do terceiro Reich
Autor: Victor Klemperer
Tradutor: Miriam Bettina Paulina Oelsner
Editora: Contraponto
ISBN: 978-8578660161
Páginas: 428
Preço: R$ 106

[25/02/2025 11:00:00]