
Como praxe no Clube, ficou a cargo do público a escolha do livro a ser debatido: Tom vermelho do verde (Rocco), romance histórico de frei Betto que cativa o leitor desde as primeiras páginas. O autor declarou que sua expectativa é “fazer uma rápida apresentação e deixar que o público faça perguntas”, sendo assim uma boa oportunidade para ampliar o diálogo sobre o tema do livro.
Tom vermelho do verde é um livro de denúncia, mas também um romance histórico que cativa o leitor desde as primeiras páginas e o impressiona com o profundo conhecimento da cultura indígena apresentado pelo autor.
No momento em que os povos originários sofrem pressões para que suas terras sejam exploradas por companhias mineradoras e madeireiras que causam danos ecológicos irreparáveis, Frei Betto revela o drama vivido pelos Waimiri-Atroari a partir da construção da rodovia BR-174 em suas terras, na década de 1970. Drama até então conhecido apenas por estudiosos de culturas indígenas e que se prolonga até hoje, cujas consequências não se restringem às vítimas inocentes. Pelo contrário, atinge proporções catastróficas e imprevisíveis à medida que a floresta amazônica é arrasada e seus povos originários são dizimados.
Segundo Suzana Vargas, mediadora e curadora do Clube, a ideia de encerrar 2024 com Frei Betto falando sobre Literatura e Transcendência objetiva dar ao frequentador a oportunidade de refletir como a literatura é capaz de elevar a outro patamar nossa consciência existencial e cidadã, muitas vezes ocupada por preocupações puramente materiais.
“Vamos discutir qual o lugar da arte e da literatura na nossa sociedade, principalmente num momento de transição tão grande de valores morais ou éticos e espirituais. O que a literatura pode nos dar nas incertezas diárias da sobrevivência”, antecipa Suzana, para quem a participação especial de Magali Cunha, profunda conhecedora da obra de Frei Betto, certamente tornará o diálogo e o encontro com o público ainda mais enriquecido.
Frei Betto é autor de 79 livros editados no Brasil e, vários, no exterior. Nasceu em Belo Horizonte (MG) e estudou jornalismo, antropologia, filosofia e teologia.
Frade dominicano e escritor, ganhou em 1982 o Jabuti, por seu livro de memórias Batismo de sangue (Rocco). Em 1985, foi eleito Intelectual do Ano pelos escritores filiados à União Brasileira de Escritores, que lhe deram o Prêmio Juca Pato por sua obra Fidel e a religião.
Seu livro A noite em que Jesus nasceu (Vozes) ganhou o prêmio de "Melhor Obra InfantoJuvenil" de 1998, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 2005, o júri da Câmara Brasileira do Livro premiou-o mais uma vez, agora na categoria Crônicas e Contos, pela obra Típicos Tipos – perfis literários (Editora A Girafa). Em 2011, seu romance policial Hotel Brasil (Rocco) ficou entre as dez obras finalistas do Prêmio Jabuti, no quinto lugar. Em 2012, seu romance Minas do Ouro (Rocco) esteve entre os finalistas do Prêmio Portugal Telecom.
Colabora com vários jornais, revistas, sites e blogs, no Brasil e no exterior. Foi colunista dos jornais Correio Braziliense, O Estado de S. Paulo, O Estado de Minas, Hoje em Dia, O Dia, O Globo e revista Caros Amigos.
O evento é gratuito e acontece nesta quarta, 11 de dezembro, às 16h30, na Biblioteca Banco do Brasil, localizada no 5º andar do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (Rua Primeiro de Março, 66, Centro - Rio de Janeiro / RJ). O Clube de Leitura CCBB 2024 conta com o patrocínio do Banco do Brasil.