
Fundada em 2014, a Januškevič Publishing House publica e comercializa obras de ficção, não-ficção e livros históricos em bielorrusso, atividades que se tornaram fortemente desencorajadas pelo governo local, sob influência russa.
Em 2022, o fundador Andrej Januškevič foi preso por vender livros em bielorrusso e ficou detido por 28 dias. No mesmo ano, foi forçado a ir para a Polônia, onde sua editora continuou a produzir materiais para o mercado bielorrusso. Em 2023, as autoridades de Belarus revogaram a licença de publicação de Januškevič, o que impediu a editora de operar legalmente no país.
Apesar disso, os leitores de bielorrusso podem acessar os livros da Januškevič em formato digital em Belarus ou em qualquer lugar do mundo, além de poderem adquirir exemplares físicos na Polônia.
“Este ano, reconhecemos uma editora de extraordinária persistência e coragem”, comentou Maria A. Pallante, presidente e CEO da AAP. “Os líderes da Januškevič enfrentaram censura, sofreram prisão e suportaram o exílio, tudo em prol de sua missão de oferecer literatura em bielorrusso. Juntos, o Conselho, os membros e a equipe da AAP aplaudem a Januškevič por preservar e celebrar uma língua que há muito tempo está sob ataque, e por demonstrar por que a liberdade de publicar é um elemento essencial de uma sociedade democrática.”
“Estamos honrados em receber o Prêmio de Liberdade para Publicar da AAP e agradecemos o reconhecimento de nosso trabalho em Belarus e no exílio”, declarou Andrej Januškevič. “A língua bielorrussa ilumina nossa cultura e herança, e, junto com nossos amigos e colegas de outras editoras que também tiveram suas licenças revogadas – incluindo Limaryus, Knihazbor, Haliyafy, Medysont e Zmicier Kolas – prometemos manter essa luz viva, na esperança de que sirva como um farol, trazendo conforto aos cidadãos de nossa terra natal e esperança àqueles que devem viver no exílio.”
Censura em Belarus
Segundo a AAP, a maioria das editoras independentes em Belarus foi forçada a fechar na segunda metade de 2020, após as eleições nacionais controversas que consolidaram o poder do aliado de longa data da Rússia, Alyaksandr Lukashenka. Em 2020, o governo autoritário de Belarus intensificou sua campanha de censura contra editoras que promoviam a identidade, a língua ou a história bielorrussa, ou que publicavam textos no idioma. Atualmente, pouco mais de um quarto da população do país utiliza o bielorrusso no dia a dia. A língua é agora oficialmente considerada vulnerável pela UNESCO.
O International Freedom to Publish Award foi criado em 2002 em homenagem a Jeri Laber, cofundadora da Human Rights Watch e membro fundador do Comitê de Liberdade para Publicar da AAP. Entre os vencedores anteriores estão a Editorial Dahbar (Venezuela, 2022), F&G Editores (Guatemala, 2021), Jagriti Publishing House (Bangladesh, 2020), NB Publishers (África do Sul, 2019) e Azadeh Parsapour (Reino Unido, 2018). Em 2023, a AAP premiou editoras de todo o mundo que enfrentam crescente pressão, assédio e ameaças governamentais.