O romance de estreia de Pedro Rhuas, Enquanto eu não te encontro (Seguinte), teve os direitos adquiridos pela Penguin Random House de Portugal, onde será publicado em outubro pela Secret Society, novo selo YA do grupo. O enredo trata do amor à primeira vista, de encontros e desencontros, cultura nordestina, música pop e drag queens. Em setembro, na Bienal do Livro de São Paulo, teve eventos de lançamento do novo romance, O mar me levou até você (Seguinte).
Para Rhuas, a publicação em Portugal é especialmente simbólica, já que parte do livro foi escrita enquanto ele fazia um intercâmbio no país. "Em 2018, com uma bolsa do Banco Santander, estudei jornalismo na Universidade do Porto. Eu retomei a escrita do livro ali, trabalhando na história em cafés de Lisboa e do Porto, à sombra das árvores do Jardim do Palácio de Cristal. Na época, eu não era um autor publicado, mas já me apresentava às pessoas como um escritor escrevendo seu primeiro romance. Seis anos depois, é com essa história que volto a Portugal."
A publicação é vista pelo autor como um carma positivo. "Eu sempre sonhei em ver minhas histórias expandindo fronteiras. A verdade é que a literatura se nutre dos meus sonhos, e eu empresto um mundo imaginário mágico e ideal aos meus protagonistas. Então esses protagonistas viajam, encontram leitores e encantam as pessoas. Mas eles não se esquecem de mim. Talvez seja uma espécie de dharma literário: eu planto sonhos nos meus livros e, eventualmente, eles acontecem também na minha vida."
Além de uma nova capa, a edição portuguesa contará com detalhes especiais. "Estou muito animado para que os leitores portugueses se apaixonem pela divertida e acolhedora história de Lucas e Pierre! O livro ganhou uma nova capa belíssima, e a edição portuguesa vem com conteúdos extras que tornam a experiência de leitura ainda mais especial. Tenho certeza de que os leitores brasileiros também ficarão com orgulho!”, celebra o autor.
Rhuas afirma que chegou a duvidar do potencial da obra, pois não havia casos anteriores que o permitisse imaginar tamanho alcance. "Eu estava contaminado pela invisibilidade que nasce da falta de representação, pelos discursos de inferiorização e marginalização contra o Nordeste. É motivo de alegria que hoje meu romance de estreia seja bússola e norte para que novos escritores jovens, nordestinos e queers possam seguir adiante sem desistir, sabendo que é possível, ainda que com muito esforço e barreiras, sonhar com uma carreira entre os livros”, incentiva o escritor.
"A literatura produzida no Nordeste costuma ser vista como algo meramente regional, de alcance limitado, nichado, incapaz de chegar ao grande público. [Mas] a literatura nordestina sempre foi capaz de dialogar com um público mais amplo, e a publicação no exterior de 'Enquanto eu não te encontro' é mais uma prova disso”, aponta Rhuas.