Em busca da voz revolucionária
PublishNews, Redação, 19/09/2024
Sessenta anos após o golpe militar de 1964, biógrafa e jornalista Bruna Ramos da Fonte mergulha no fértil repertório do cancioneiro de protesto

Em Apenas uma mulher latino-americana (Rocco, 280 pp, R$ 69,90), a jornalista Bruna Ramos da Fonte convida o leitor para uma viagem através da chamada música de protesto (ou revolucionária, como preferia chamar o compositor e ativista chileno Victor Jara) produzida no Brasil e nos países da América Espanhola durante o período da Guerra Fria. Com prefácio assinado pela cantora e compositora chilena Tita Parra, neta de Violeta Parra, a narrativa focaliza a um só tempo a trajetória da autora e a da canção engajada no continente, que tanto marcou as décadas de 1960 e 1970. Com a intenção de resgatar o contexto histórico, político e social em que surgiu o cancioneiro dessa época – principalmente a Nueva Canción Latinoamericana –, há mais de dez anos a autora iniciou uma série de entrevistas, pesquisas e viagens pela América Latina e Caribe. Ao longo dos anos, entrevistou nomes fundamentais para a cultura e a história latino-americana da segunda metade do século XX, a fim de refletir e questionar sobre as questões sociais e históricas do nosso continente. Em uma cativante autobiografia musical de uma mulher latino-americana, nascida no coração do ABC paulista, berço do movimento sindical brasileiro, Bruna Ramos da Fonte realiza de forma magistral seu objetivo de compor um “manifesto de alguém que acredita na arte e na cultura como as grandes ferramentas da revolução”.

[19/09/2024 07:00:00]