Segundo o contrato, as casas parceiras da Flip estão proibidas de vender livros durante a festa. Essa medida, que visa proteger os interesses comerciais da organização, acaba por prejudicar gravemente as editoras brasileiras, que perdem uma oportunidade única de comercializar suas obras para um público altamente engajado e interessado em literatura.
Além disso, a proibição da venda de livros durante a Flip vai na contramão do próprio propósito do evento, que visa celebrar e promover a literatura. Ao impedir que os visitantes adquiram obras diretamente das editoras, a organização está limitando o acesso do público aos livros e dificultando a difusão da cultura literária no país. Aumentando o monopólio e atacando a pluralidade democrática.
A Flip "pede" uma contribuição das casas parceiras. A taxa básica de contribuição é R$ 13 mil. Como eles podem cobrar ou "pedir" uma taxa de contribuição para as casas parceiras e, ao mesmo tempo, tentar impedir a venda de livros?
Outro ponto preocupante é que a medida afeta desproporcionalmente as editoras de menor porte, que muitas vezes dependem de eventos como a Flip para divulgar seus autores e aumentar suas vendas. Sem poder comercializar seus livros durante a festa, essas editoras enfrentarão mais dificuldades financeiras e podem até mesmo ter sua sobrevivência ameaçada.
É fundamental que a organização da Flip reveja essa cláusula contratual e permita a venda de livros pelas casas parceiras durante o evento. Dessa forma, estará não apenas apoiando os editores brasileiros, mas também cumprindo sua missão de promover a literatura e democratizar o acesso aos livros.
Em um momento em que o setor editorial enfrenta tantos desafios, é crucial que eventos como a Flip sejam aliados das editoras, e não obstáculos ao seu desenvolvimento. Esperamos que a organização da festa reconsidere sua posição e adote medidas que beneficiem toda a cadeia produtiva do livro no Brasil.
*Fernanda Emediato, é editora da Troia e consultora e produtora editorial