
Silvio Santos – que morreu neste sábado (17) aos 93 anos – foi objeto de diversos livros que ajudaram a consolidar sua trajetória como um mito da televisão brasileira. Especialmente desde 2017, diversos livros contribuíram para contar a história do apresentador. Também nas últimas horas, autoridades, artistas e até perfis de editoras utilizaram as redes sociais para lamentar a morte do empresário.
Um dos destaques editoriais recentes sobre o homem do Baú é Topa tudo por dinheiro (Todavia), do jornalista Mauricio Stycer, publicado em 2018. "Silvio Santos não é apenas o apresentador de televisão mais popular que a cultura brasileira já conheceu", diz a sinopse do livro. "É também um talentoso empresário, tão sagaz na administração de seus muitos negócios quanto nas alianças políticas que soube costurar. Comunicador habilidoso, criou em torno de si uma mitologia que contribuiu para um dilema curioso: é uma das pessoas mais famosas do Brasil, mas ao mesmo tempo uma das menos conhecidas. Seu lado menos edificante – as estratégias erráticas do empresário, a subserviência ao poder, a relação umbilical com o regime militar – nunca foi detidamente examinado. É essa a proposta deste livro", explica o texto.
Em 2022, o pesquisador Tiago Ramos e Mattos lançou Silvio Santos vem aí: a biografia-reportagem do "patrão" (Dialética), que visava apresentar um novo gênero do discurso: a biografia-reportagem. A concepção do livro, resultado da tese de doutorado do autor, se deu a partir de um estudo sobre um autor, Fernando Morgado, e sua obra, o livro Silvio Santos – A trajetória do mito (Matrix, 2017). Este, lançado anos antes, se tornou um sucesso de vendas.
"Vai o Senor Abravanel, mas fica o Silvio Santos, que, por não ser de carne e osso, é imortal", escreveu Morgado em sua página nas redes sociais neste sábado. "Ele seguirá vivo em cada bordão pronunciado, em cada momento recordado, em cada vídeo assistido. Mais do que um artista famoso ou um empresário vitorioso, o que o Brasil perde é parte importante de sua memória afetiva e coletiva. Silvio Santos é o símbolo de um tempo que não volta mais".
Naquele mesmo ano de 2017, Silvio Santos ganhou outra biografia – escrita a quatro mãos pela editora Marcia Batista e pela publicitária Anna Medeiros, lançada pela Universo dos Livros, onde Batista é editora-chefe. O livro Silvio Santos – A biografia tem dados e informações colhidos a partir de entrevistas com artistas e de inúmeras publicações sobre o empresário, contando com uma visão de Silvio possível apenas aos olhos de quem trabalhou com ele. O livro ganhou uma nova edição em 2023.
Também em 2017, a Seoman lançou uma nova edição de A fantástica história de Silvio Santos, de Arlindo Silva, originalmente publicado pela Editora do Brasil no ano 2000. Arlindo Silva, morto em 2011, foi editor-chefe da extinta revista O Cruzeiro e jornalista responsável por implantar o primeiro núcleo de jornalismo do SBT, em 1981, quando a emissora ainda chamava TVS. Ele se aposentou com o cargo de assessor de comunicação do apresentador, de quem era amigo pessoal. Ainda em 1972, ele havia publicado A vida espetacular de Silvio Santos, pela editora L. Oren.
Também em 2017, a AVEC Editora restarou um livro em quadrinhos de 1969, escrito por Rubens Francisco Lucchetti e desenhado por Sérgio M. Lima: Silvio Santos – Vida, luta e glória foi a primeira biografia autorizada do maior e mais icônico apresentador da televisão brasileira. Narra desde o seu nascimento até a época em que ele começa a se tonar um ídolo da TV. A publicação faz parte do selo Memórias dos Quadrinhos Brasileiros.
Um ano antes, em 2016, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo publicou o catálogo da exposição Silvio Santos vem aí, livro com coordenação de Cristiane B. Futagawa – a mostra ficou em cartaz no MIS entre 2016 e 2017.
Em 2020, a Matrix publicou Sonho sequestrado: Silvio Santos e a campanha presidencial de 1989, de Marcondes Gadelha. O livro faz uma revisão histórica do incidente com a tentativa de Silvio Santos de ser candidato a presidência da República em 1989, quando foi impedido de concorrer por conta de erros em sua inscrição eleitoral. Segundo o autor, vice daquela chapa, eles foram vítimas de uma conspiração, "pela razão muito simples de que ele (Silvio) seria imbatível nas urnas".
Outros livros
Entre os livros mais antigos, a Companhia das Letras lançou em 1990 um curioso trabalho de Alberto Dines (1932-2018), O baú de Abravanel, em que o jornalista se dedica a reconstituir a trajetória de dom Isaac Abravanel (1438-1508), filósofo e diplomata, um dos antepassados do apresentador. No livro, Dines faz uma breve reflexão sobre a trajetória do próprio Silvio, em especial a sua tentativa de se candidatar à Presidência, no ano anterior.
Em 2001, a revista Contigo! publicou o livro Silvio Santos: A história de um vencedor" (Abril), de Tatiana Chiari. Na época, ele havia tido dois traumas quase simultaneamente: o sequestro de uma de suas seis filhas e o dele próprio, uma semana depois. O livro mostra a origem do talento do apresentador, desde os tempos de camelô, nas ruas do Rio de Janeiro, até as conquistas como empresário e homem de televisão.
Ainda em 1995, a professora e pesquisadora Maria Celeste Mira – uma das intelectuais responsáveis pelo desenvolvimento e consolidação da área de Sociologia da Cultura no Brasil, em especial no diálogo com a Comunicação – lançou o estudo Circo eletrônico: Silvio Santos e o SBT, pela editora Loyola.
Repercussão
Do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a diversas autoridades, artistas e personalidades como Gilberto Gil e Xuxa, além de escritores e roteiristas de TV e perfis de editoras, muita gente se pronunciou lamentando a morte de Silvio Santos. Veja abaixo algumas das repercussões:
Silvio Santos foi a maior personalidade da história da televisão brasileira, e um dos grandes comunicadores do país.
Carioca, filho de imigrantes, Senor Abravanel, seu nome de batismo, foi um empreendedor que iniciou sua vida como vendedor ambulante e construiu uma grande rede… pic.twitter.com/mkqiOQGDcG
— Lula (@LulaOficial) August 17, 2024
Nossos domingos nunca mais serão os mesmos. Descanse em paz, Silvio Santos pic.twitter.com/b29ZMatziH
— Gilberto Gil (@gilbertogil) August 17, 2024
Que sua família seja abraçada por Deus e que os corações de vcs sejam acalentados. Nós todos somos muito íntimos do artista Silvio Santos e, por essa condição de fã e admiradora, quero reiterar o respeito pelo artista que ensinou muito, mas muito mesmo, pra todos nós… pic.twitter.com/7izwijomdw
— Xuxa Meneghel (@xuxameneghel) August 17, 2024
Silvio Santos: a sociologia de um país, de um tempo, de um sentido.
— Marco Lucchesi (@marcolucbr) August 17, 2024