
O governador do Amazonas, Wilson Lima, decretou luto oficial de três dias. "Lamento profundamente a morte do escritor amazonense Márcio Souza, um dos grandes nomes da cultura do nosso estado. Márcio deixa um rico legado para a literatura brasileira", escreveu o governador.
Márcio Souza foi romancista, dramaturgo, ensaísta, contista e diretor de cinema. Sua obra é permeada pela busca constante em desvendar a Amazônia e sua riqueza cultural e histórica.
Recentemente, parte da sua obra foi reeditada pelo Grupo Editorial Record. A Editora Valer, que também publicou diversos de seus trabalhos, lamentou a morte do escritor, "que foi acima de tudo um dos grandes intelectuais da nossa Amazônia".
"Para nós, da editora Valer, essa é uma notícia que nos pegou desprevenidos, porque sempre esperávamos mais obras de Márcio e, também, de desfrutar da sua companhia, dado que ele era um dos maiores conhecedores das Amazônias e um dos nossos maiores intelectuais, um grande conhecedor da literatura, do teatro e do cinema. Nós lamentamos profundamente a morte de Márcio Souza”, disse Neiza Teixeira, coordenadora editorial da Valer.
O processo de colonização do Norte do país, a exploração do látex na passagem do século XIX para o XX, durante o chamado ciclo da borracha, a questão indígena e os abismos sociais nascidos do embate entre modernidade e arcaísmo na região estão entre as matérias-primas de suas narrativas.
“Nos grandes embates sobre a defesa das Amazônias, da sua literatura, dos seus autores, dos povos originários e das minorias, Márcio sempre emprestou a sua voz. No período da ditadura militar, ele não se calou, defendeu a liberdade e a vida de todos os brasileiros”, disse Neiza.
A partir da perspectiva de Márcio, o Brasil e o mundo puderam conhecer melhor o que se passava na Amazônia e descobriram a riqueza de sua história e de seu povo.
Pela Valer, ele publicou livros como A caligrafia de Deus, Ajuricava – O caudilho das selvas e A substância das sombras.
Sobre Márcio Souza
Márcio Souza nasceu em Manaus (AM), em 1946. Foi romancista, diretor de teatro e ópera. Estudou Ciências Sociais na Universidade de São Paulo e escreveu críticas de cinema e artigos em diversos jornais e revistas brasileiras, como Senhor, Status, Folha de S. Paulo e A Crítica.
Em 1976, lançou seu primeiro romance, Galvez: imperador do Acre, sucesso de crítica e de vendas.
Como administrador, foi diretor de planejamento da Fundação Cultural do Amazonas, diretor da Biblioteca Nacional e presidente da Funarte.
Foi professor assistente na Universidade de Berkeley e escritor residente nas universidades de Stanford, Austin e Dartmouth. Como palestrante, foi convidado pela Universidad de San Marcos, Sorbonne, Toulouse, Aix-en-Provence, Heidelberg, Coimbra, Universidade Livre de Berlim, Harvard e Santiago de Compostela.
Dirigiu o Teatro Experimental do Sesc (Tesc) do Amazonas, hoje extinto. Foi presidente do Conselho Municipal de Política Cultural e membro da Academia Amazonense de Letras.
Repercussão
Colegas, amigos e admiradores do escritor usaram as redes sociais para lamentar o ocorrido. Veja abaixo a repercussão:
Quebro meu silêncio aqui para informar, pesarosamente, que o escritor amazonense Márcio Souza cruzou o espelho. Márcio Souza foi uma das maiores expressões da literatura amazonense e brasileira.
— Sérgio Freire (@sergiofreire) August 12, 2024
Lá se foi o grande cara de "Mad Maria", "Boto Tucuxi", "Galvez, Imperador do Acre" e outras aventuras extraordinárias da ficção brasileira. Como me diverti e aprendi com a escrita de Márcio Souza!
Morre o escritor amazonense Márcio Souza https://t.co/obGwXIe9E3
— xico sá (@xicosa) August 12, 2024
Estava para confirmar um encontro com o escritor Márcio Souza, em Manaus.
Recebo consternado a notícia de sua morte.
A sua literatura tornou-se, em muitas áreas e motivos, inaugural.
Meus sentimentos à família e aos amigos.
— Marco Lucchesi (@marcolucbr) August 12, 2024
Morreu Márcio Souza, autor de grandes obras da literatura amazonense e brasileira como Galvez, O Imperador do Acre, A Caligrafia de Deus e Mad Maria. Perdemos um dos mais geniais tradutores da cultura e história da Amazônia. Nossos sentimentos aos familiares e amigos
— Fred Santana (@FredCSantana) August 12, 2024