Rolou na semana passada, entre os dias 9 e 11 de julho, a CONTEC Chile 2024, em Santiago, no auditório da Casa de la Moneda. O tema do evento foi “Sharing Innovation” [Compartilhando inovação, em tradução livre] e tratou dos temas da internacionalização, compra e venda de direitos autorais, áudio, metadados e inteligência artificial. A CONTEC é uma marca da Frankfurter Buchmesse que busca criar um espaço para reflexão sobre os desafios e oportunidades na indústria de conteúdo.

O primeiro dia foi dedicado à Internacionalização e aos direitos autorais. Marifé Boix-Garcia e Simone Bühler apresentaram a Feira de Frankfurt, o espaço, as atividades, os conceitos e o tema de País Convidado de Honra. Agentes literários e editores chilenos e alemães participaram de mesas redondas nas quais compartilharam suas experiências no campo das negociações de direitos. O destaque foi a formação de um catálogo para participar em feiras internacionais e o caminho para a preparação dessa presença em feiras ao redor do mundo. O planejamento, a antecedência do trabalho, a definição de objetivos claros e o processo de tradução foram os pontos reiterados pelos participantes das mesas. Ao final do dia, Nicole Witt, agente literária alemã que trabalha com autores de língua espanhola e portuguesa, fez um workshop sobre o tema, incluindo a questão dos contratos de direitos em si.

A produção de audiolivros e os metadados tomaram o palco no segundo dia de CONTEC Chile. Começamos o dia com uma palestra sobre Podcast, e o ponto principal da apresentação de Trinidad Piriz Correa – diretora da Podium Podcast Chile – foi firmar que o Podcast é um novo formato de produto. Não é uma leitura de livro, não é um audiolivro. É um produto que se pode derivar de um livro. Eugenia Bascarán e Carlos Rojas conversaram sobre a produção de audiolivros no mercado de fala espanhola e, na sequência, se juntaram a eles a editora Paz Corral e o produtor-locutor Santiago Ramirez, que debateram juntos sobre o futuro do audiolivro. O que todos concordaram é que o formato está em forte crescimento, tem muito potencial, mas ainda falta investimento e disposição para que cresça mais nesse mercado. A manhã se encerrou com um workshop prático e muito elucidativo sobre a produção do audiolivro. Santiago e a locutora Stephanie Preller envolveram o público e produziram, ao vivo, um trecho de audiolivro.

A segunda parte do dia começou com uma apresentação minha sobre como tornar os livros visíveis. O foco foi o resultado de pesquisas e relatórios, em especial da Nielsen BookData, que demonstram o quanto os metadados influenciam nos resultados de vendas. São eles que tornam os livros encontráveis pelos compradores e leitores. Depois da minha fala, editores, livreiros e distribuidores compartilharam suas experiências com o uso de metadados e o reflexo disso em seus negócios. Sebastian, da PRH Chile, destacou a equipe que tem trabalhando exclusivamente com o gerenciamento e melhoria dos metadados. José Sanguinetti, da Antártica Livros (maior rede do Chile), e Guido Arroyo, da distribuidora Big Sur, abordaram o papel fundamental dos metadados na seleção de livros para compra e nas estratégias de vendas e posicionamento de cada título no mercado. Javier Sepúlveda, da Ebooks Patagônia, falou sobre a dificuldade em trabalhar com os e-books sem metadados e a necessidade que teve de contratar uma equipe para fazer o trabalho que editoras não faziam – o que não é, pra ele, o ideal. O dia se encerrou com um workshop sobre gerenciamento e qualidade de metadados, também liderado por mim.

O último dia foi dedicado ao tema mais sexy do momento: Inteligência Artificial! Rodrigo Durán abriu o tema resumindo o surgimento e a trajetória da IA e compartilhando sua visão do que pode vir pela frente. Basicamente, precisamos aprender a conviver e usar as ferramentas com IA. “Enquanto os colaboradores se preocupam com perder o emprego, os líderes se preocupam em não encontrar talentos.” Depois do Diretor do CenIA, a mesa seguinte conversou sobre IA e Propriedade intelectual. Representante do Instituto Nacional de Propriedade Industrial comentou que usam muito a IA no instituto para pesquisar nomes e imagens antes de aprovar pedidos de marcas. Cristiano Irribarra, do CenIA, destacou, entre outras coisas, como escritores, músicos e outros artistas podem ganhar muito tempo na sua produção artística e assim produzir mais. Foi recorrente a afirmação da Inteligência Artificial como ferramenta para autores, revisores, editores e todos os envolvidos na cadeia de produção do livro.

A CONTEC Chile foi uma produção da Feira do Livro de Frankfurt, em parceria com o Ministério da Cultura do Chile e a secretaria do livro daquele país. Marifé Boix-Garcia encerrou o evento agradecendo os mais de 150 participantes e incentivando o mercado do livro chilena a participar das Feiras Internacionais em preparação para sua participação como Convidado de Honra em Frankfurt, em 2027.

Palestrantes da 1ª Contec Chile

Embaixadora alemã no Chile na abertura do evento | © Nancy García

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* Ricardo Costa é CEO da MVB América Latina. Por seis anos, foi sócio-diretor do PublishNews. Além de um apaixonado pelo mundo do livro, é viciado em séries de TV e se mete a cozinheiro (sim, cozinheiro, porque “chef” agora é coisa de TV) nas horas vagas, que são poucas! Ricardo é formado em Análise de Sistemas e tem especialização em Publishing, com experiência em desenvolvimento de negócios no mercado editorial. Trabalhou por seis anos como diretor editorial e de marketing e outros três anos como consultor em desenvolvimento de negócios editoriais; antes disso, foi gerente de produto na HBO Brasil.