Rio2C 2024 recebeu 198 projetos para pitching editorial, mas participantes sentiram falta de mais profissionais do livro
PublishNews, Beatriz Sardinha, 11/06/2024
Pitchings são sessões em que os autores expõem suas histórias com a intenção de que elas sejam adquiridas por produtoras e se tornem um produto audiovisual

Participantes sentiram falta de mais profissionais do mercado editorial na edição do Rio2C | © Rio2C
Participantes sentiram falta de mais profissionais do mercado editorial na edição do Rio2C | © Rio2C
A edição de 2024 do Rio2C terminou no último domingo (09) e participantes ouvidos pela reportagem sentiram falta de mais profissionais do mercado editorial na Cidade das Artes – em 2023, houve um esforço em atrair o setor do livro para este que é considerado o maior evento de criatividade, tecnologia e inovação do país. De toda forma, o Rio2C 2024 teve duas sessões de Pitching Editorial, um realizado na quarta-feira (5) e outro na sexta-feira (7).

Em nota enviada ao PublishNews, a organização do evento enfatiza que o "mercado editorial tem muito a somar com outros pilares da indústria criativa porque, afinal, tudo é sobre contar histórias". Os projetos que participaram do pitching passaram pela curadoria de uma Comissão Editorial do Rio2C. De acordo com a organização, foram recebidos um total de 198 projetos para o Pitching Editorial e reunindo o total de 50.561 pessoas na Cidade das Artes (Av. das Américas, 5300 – Rio de Janeiro / RJ) ao longo de seus seis dias de programação, com 1.663 palestrantes em 14 palcos e sete espaços de conteúdo.

Os pitchings são sessões em que os autores expõem suas histórias com a intenção de que elas sejam adquiridas por produtoras e se tornem um produto audiovisual. As sessões de pitching eram abertas e ocorreram no Creator Square Stage.

Atual head de desenvolvimento da produtora Anonymous Content Brazil, Rafaella Riqui reforça a relevância da participação do setor dentro do evento como um ambiente ideal para troca e networking. "Sempre trabalhei com adaptações literárias no departamento de desenvolvimento das produtoras, para mim também é uma oportunidade de conhecer novas obras e até mesmo jovens talentos do mundo literário que tem interesse no audiovisual, mas que não tem acesso aos profissionais dessa área", comenta.

Cada membro da Comissão Editorial recebe projetos para avaliar, seleciona seus finalistas e em seguida debate com os outros membros, para defender aqueles que consideram os melhores projetos. A partir daí, discutem critérios de seleção e chegam aos 12 projetos finalistas.

A editora de livros e roteirista Aïcha Barat, também membra da Comissão, destaca a necessidade de atenção à viabilidade técnica do projeto. Se ele tiver elementos de diversidade e inclusão, se está adequado ao público-alvo, além de possuir uma apresentação concisa e clara. "Com o boom das plataformas de streaming, há mais procura pelo que o editorial tem a oferecer para alimentar essa indústria [audiovisual]. São dois negócios que se retroalimentam, porque a busca por um livro aumenta quando ele é adaptado", afirma a roteirista e editora na Cobogó. Um dos grandes anúncios do evento foi, inclusive, a divulgação de que o livro O diário de um mago (Paralela), do autor Paulo Coelho, será adaptado pela Netflix.

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No entanto, como dito, um dos fatores que chamou atenção foi a baixa presença de profissionais de grandes editoras do mercado editorial no evento. “A editora por si é já um filtro. Quando um livro sai por uma editora de certo renome, você sabe que aquilo passou pela mão de muita gente. E já foi filtrado", comenta Aïcha.

A produtora Ana Luiza Beraba, fundadora da WePlot e idealizadora do Laboratório Minha Vida dá um Filme, comenta que, dentre as inscrições, a comissão recebeu muitas obras vindas de escritores iniciantes, que não tinham necessariamente um livro finalizado enquanto produto. "Quando você abre para a autopublicação, você tem a possibilidade de descobrir novos talentos, mas também tem o lado de que recebemos de tudo", complementa.

A ausência de painéis e eventos voltados para mercado editorial também foi destacada. Além da masterclass oferecida pela roteirista e escritora Maria Camargo, sobre adaptações, foi notada uma escassez de elementos na programação que destacassem o universo do livro. "Muitos temas que foram discutidos no evento de forma geral também são tendências no mercado editorial, como a evidência de grandes temas como produções antirracistas e LGBTQIAP+. Falta também encontrar mais pessoas do mercado editorial no evento, que é algo bem forte do Rio2C. Fica uma espécie de lacuna", afirma Aïcha.

Veja na íntegra a nota do Rio2C sobre a participação do mercado editorial no evento:

"O mercado editorial tem muito a somar com outros pilares da indústria criativa porque, afinal, tudo é sobre contar histórias. O Rio2C adoraria ser abraçado pelas editoras e estamos de portas abertas, buscando essa parceria há algumas edições. Mais de 180 autores/escritores se inscreveram para o pitching editorial e se conectaram com o mercado. Além disso, sempre contamos com grandes nomes na programação. Nesta edição, por exemplo, tivemos Conceição Evaristo, Raphael Montes, Helena Theodoro, Adriana Hack, Gunter Pauli, rodrigo França, Ron Leshem, Carla Arena, Sheylli Caleffi, Fabio Scarano, Lucas Paraizo, Angela Chaves, Elisio Lopes Jr e Renata di Carmo, Taisa Machado e muitos outros autores/escritores, com livros publicados."

*A repórter viajou a convite do Rio2C.

[11/06/2024 10:00:00]