"Um dia talvez eu conte para a mãe que eu conheci o que vi o que vivi o que aprendi sobre os homens o que sou e o que gosto do que me deram os anos passados na sua ausência. Talvez mostre estas palavras ou talvez deite em seu colo e suspire como uma velhaque cultiva em um quarto escuro uma árvore seca e morta que ela amará até o dia em que nem lembrança brote". No romance experimental Merci (Dublinense, 96 pp, R$ 64,90), escrito por Robertson Frizero, o leitor acompanha Merci numa caleidoscópica jornada em busca de quem é e da própria história. Sua voz questiona desde seu passado à forma como as pessoas reagem ao seu modo singular de ser e estar no mundo, e nos faz submergir numa personalidade moldada num contexto de brutalidade e delicadeza. Robertson Frizero é escritor e tradutor, mestre em Teoria da Literatura pela PUCRS. Seu romance de estreia, Longe das aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo e teve os direitos de tradução vendidos para o persa e o árabe. Nascido no subúrbio do Rio de Janeiro em 1969, iniciou sua carreira literária em Porto Alegre, adotando a cidade como seu lugar no mundo. Hoje vive em Florianópolis.