Novo livro de Ronie Rodrigues será lançado em junho pela editora Telaranha
PublishNews, Redação, 06/06/2024
'João' tem escrita performática e se relaciona com livro de João Gilberto Noll; lançamento do título será no dia 14 de junho, às 19h, na Livraria Telaranha

Livro de Ronie Rodrigues será lançado no dia 14 de junho, em Curitiba | © Luana Navarro
Livro de Ronie Rodrigues será lançado no dia 14 de junho, em Curitiba | © Luana Navarro

O próximo lançamento da Telaranha Edições é um romance escrito por “arrancar páginas”. João, do artista, professor e escritor Ronie Rodrigues, surgiu do experimento de apagamento de outra obra — Harmada, de João Gilberto Noll. Com um corretivo, Ronie se dedicou a eliminar as palavras do livro de um de seus autores preferidos, do início ao fim, selecionando algumas que seriam poupadas, formando assim um texto completamente novo. A ideia surgiu de uma especialização em Escritas Performáticas que o escritor fez na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O lançamento de João será no dia 14 de junho, às 19h, na Livraria Telaranha (Rua Ébano Pereira, 269 – Curitiba / PR), em Curitiba.

O processo de destruição e criação seguiu padrões criados por Ronie. “Fui inventando algumas regras no decorrer da experiência: não podia inserir palavras, nem sinais, apenas apagar; e não podia apagar o nome João”, explica o artista. Dessa forma, o experimento se mostrou imprevisível para o próprio autor. Além da eliminação de palavras, Ronie também se permitiu trocar as páginas do livro original de lugar.

Capa de 'João', de Ronie Rodrigues | © Divulgação
Capa de 'João', de Ronie Rodrigues | © Divulgação

De início, os novos textos se assemelhavam a cartas, mas no final revelaram-se no desenvolvimento de um romance. Assim, um livro foi apagado para que surgisse em seu lugar não uma coisa só, mas uma infinidade. João se tornou romance, mas também um experimento de escrita, um objeto de arte, uma obra epistolar e o fantasma daquilo que foi apagado. Harmada, apesar de ter sido desbotado, permanece como parte de João, com vestígios do que estava ali antes.

É por isso que Ronie compara o processo com um palimpsesto — prática adotada na Idade Média, que consistia na eliminação do texto de um pergaminho ou papiro para que ele fosse reutilizado. Mesmo assim, alguns dos textos anteriores permaneciam marcados no material, de maneira que foi possível recuperá-los em muitos casos.

O projeto de Ronie Rodrigues também contou com colaborações até chegar no estado final, passando pelas mãos de alguns interlocutores que deram ao autor impressões sobre o texto que estava nascendo. "Escrever, não por acúmulo, mas por subtração, por desejo de apagar e impossibilidade de apagar", escreve a escritora do posfácio do projeto, Raïssa de Góes, sobre a experiência do livro que ela chama de "escrita fantasma".

[06/06/2024 10:00:00]