
O texto de orelha é assinado por Claudia Lage, que ressalta a sagacidade da escrita de Marta e a linguagem falsamente frívola que utiliza para desenvolver a sua personagem principal, remetendo à Bertha Young de “Êxtase”, conto de Katherine Mansfield.
A partir de um trabalho de ocultamento na linguagem e sem resvalar para a caricatura, A cortesia da casa se vale do ambiente artificial do spa para mostrar a crise de meia idade de uma mulher que subitamente se sente descartada – pelo marido Vicente, pelo filho Bruno, pelo mercado de trabalho – e começa a ter episódios de compulsão alimentar. No Spa Montana, em meio a uma rotina que normaliza contagens de calorias, cirurgias plásticas e situações escatológicas, ela tenta se adequar aos padrões estabelecidos por uma elite esnobe que parece tão perdida quanto ela. O pano de fundo é o Brasil do começo da operação Lava-Jato, com suas prisões espetaculares de empresários e políticos.
Marta Barcellos é escritora e jornalista, autora do livro de contos Antes que seque (2015), vencedor do Prêmio Sesc de Literatura e do Prêmio Clarice Lispector da Fundação Biblioteca Nacional, além de finalista do Prêmio Rio de Literatura e semifinalista do Oceanos. Carioca, é formada em jornalismo pela UFRJ e mestre em Literatura pela PUC-Rio. Como jornalista, trabalhou por vinte anos na redação de veículos do Rio de Janeiro e de São Paulo. A cortesia da casa é o seu primeiro romance.