Em 2023, foram três projetos premiados: Sonetos de birosca & poemas de terreiro (de Luiz Antonio Simas) foi eleito o melhor projeto gráfico do ano pelo prêmio Biblioteca Nacional, e também selecionado no CLAP awards (Prêmio Iberoamericano de Design/Espanha) na categoria "Mejor diseño de libro de texto". O Box Umberto Eco levou o Platinum (primeiro lugar) na categoria capa do mesmo CLAP awards, e o Box Biografias do comunismo, de Robert Service, levou Ouro no Latin American Design Awards, realizado em Lima (Peru).
Em 2022, outro box, com três romances de Hermann Hesse, levou três troféus: Platinum (primeiro lugar) na categoria capa do CLAP awards, Prata no Latin American Design Awards (Lima) e Bronze no BDA (Brazil Design Award). Em 2021, o Box Albert Camus (Edição de colecionador) ganhou dois prêmios: Ouro no Latin American Design Awards e Seleção no CLAP awards, na categoria capa.
“É um momento de maturidade no trabalho”, explica Leonardo em uma conversa com o PublishNews nesta semana. “É um momento em que estamos arriscando mais, ousando mais, e também tem dado resultado. Se o Box do Camus não tivesse dado tão certo comercialmente, talvez não estaríamos tendo essa conversa. É um momento de muita troca entre as equipes de comercial, marketing e outras áreas, no sentido de buscar soluções para o catálogo, por exemplo”, explica.
Essas trocas e as novas ideias vêm aproveitando, na sua visão, nichos de mercado que não competem com os livros do catálogo, mas que exploram outros desejos – os boxes acabam se tornando objetos de colecionador, também – e renovam a cara de livros que ainda podem ser aproveitados comercialmente, mesmo sem mudanças editoriais, mas que precisavam de um tapa visual – ele cita nesse caso a nova coleção dos livros de John Steinbeck.
Seu trabalho já foi tema de mestrado, e ele já amealhou diversos outros prêmios no Brasil e no exterior, como os da How magazine, AIGA 50 books/50 covers, bienal da ADG, Prêmio GettyImages, BDA (Brasil design award), Bienal Brasileira de Design Gráfico e Prêmio Jabuti.
Parceria com Luiz Antonio Simas
Quando o assunto chega na parceria com o escritor Luiz Antonio Simas, Leonardo diz que até se arrepia. “Nossa relação mais próxima começou com O corpo encantando das ruas (2019) quando eu não cumpri o briefing pedido por ele e pela editora”, ri. “Quando li o livro, captei a linguagem e o conteúdo, quis trabalhar um caráter simbólico e afetivo, e cheguei no saquinho de Cosme e Damião, que depois virou até camiseta”, diz.
Um deles é justamente Sonetos de birosca & poemas de terreiro, vencedor do Prêmio Aloísio Magalhães de melhor projeto gráfico pelo Prêmio Biblioteca Nacional 2023, o primeiro livro de poemas do autor conhecido por suas crônicas e textos curtos. O giz – elemento utilizado na capa e no projeto gráfico interno do livro – trabalha tanto a identidade de boteco como a sacralidade do material para as religiões de matriz africana, temas caros ao autor e expressos no título. A caligrafia da capa e dos títulos dos poemas foram feitas à mão pelo designer.
Atualidade do mercado
Formado pela Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) da UERJ, Leonardo também é mestre em design de Informação pela University of Reading (UK) (além de ter sido professor em universidades cariocas). À formação, ele atribui a importância à comunicação de informações pelos designs dos livros – qualidade que ele busca em colegas de trabalho mais jovens, por exemplo.
“Tenho sempre uma preocupação com a adequação”, explica. “Unir criatividade e ousadia com uma responsabilidade. Nesse sentido, ter uma equipe múltipla, diversa, com estilos diferentes, acrescenta muito. No caso da Record, como são vários selos, temos que trabalhar vários segmentos para diferentes estilos editoriais. Só isso já exige uma variedade de habilidades. Procuro sempre (nos jovens designers) questões de criatividade e originalidade”, enfatiza.
Sobre um dos temas que movimentaram o área do design editorial no fim de 2023 – a inteligência artificial – ele comenta que existe mesmo uma euforia. “Não dá para negar a inteligência artificial, ela já existe como ferramenta, mas eu acho que merece um cuidado, uma certa parcimônia. A gente tem questões sérias de propriedade, sobre os direitos autorais dessas imagens aí. Mas claro, é uma ferramenta”, afirma.
“A ideia, a conceituação, a solução não vêm do computador”, garante. “Uma página em branco não resolve nada. Então, no meu pensamento, não é a ferramenta que vai resolver. São as pessoas, é o profissional, é o pensador, é o raciocínio, é o pensamento do designer ou do artista”.