Novo audiolivro reúne obras de Nísia Floresta, Luiz Gama e Castro Alves
PublishNews, Redação, 19/12/2023
'Vozes Abolicionistas' (Tocalivros) reúne documentos, cartas e poemas em um recorte das primeiras tentativas da literatura brasileira em expressar os horrores do sistema escravocrata

Produzida em formato de audiolivro pela Tocalivros em uma edição inédita no país, a obra Vozes abolicionistas (Selo Tocalivros Clássicos, 05h51m08s, R$24,90 ou na assinatura) reúne documentos e poemas de Nísia Floresta, Luiz Gama e Castro Alves, em um recorte de período que traça um perfil contundente de escritores que atuaram pelo fim da escravidão e contra mazelas sociais. As obras retratam a miséria e o sofrimento vividos por pobres, negros e indígenas durante o período colonial.

Com prefácio de cada autor, o audiolivro conta com a seleção das principais obras antiescravagistas desses três autores do romantismo brasileiro do século XIX. Desde “Lágrimas de um Caeté”, de Nísia Floresta, “Primeiras Trovas Burlescas de Getulino”, de Luiz Gama, até “Os Escravos”, de Castro Alves. Os textos expressam suas indignações com as heranças do colonialismo português através de uma literatura ácida e combativa.

“Do Luiz Gama escolhemos sua única obra poética publicada em vida: Trovas Burlescas de Getulino, com uma carta que o autor escreveu ao seu amigo Lúcio de Mendonça registrando sua vida; de Nísia Floresta, dentre sua vasta obra, escolhemos publicar o poema A lágrima de um Caeté e a crônica Passeio ao aqueduto da carioca; e do consagrado Castro Alves, a coletânea póstuma de Os Escravos, que reúne os poemas de A Cachoeira de Paulo Afonso e de Manuscritos de Stênio”, contou Victor Hugo, líder de pré-produção da Tocalivros, que junto com Jessica Caroline e Tainara Severo foram responsáveis pela organização do trabalho.

Além disso, também foi selecionada uma troca de correspondências entre José de Alencar e Machado de Assis prestando elogios a Castro Alves. “Pensamos em escolher essas obras e documentos, pois fazem jus às primeiras tentativas da literatura brasileira em expressar os horrores do sistema escravocrata adotado no Brasil. E acreditamos ser de extrema importância reconhecer os feitos desses autores”, completa a revisora Jéssica Caroline.

Da escolha dos textos até os narradores, ambientações sonoras e realismo, Vozes abolicionistas tem cinco horas de duração e busca interpretar com realismo os momentos de cada texto.

Coincidentemente, os três autores nunca chegaram a presenciar a abolição da escravatura.

O audiolivro conta com obras como:

LÁGRIMAS DE UM CAETÉ, de Nísia Floresta

Trata da visão dos povos indígenas no Brasil desde a colonização — representada pela figura do Caeté — ao conflito regencial conhecido como Revolução Praieira, ocorrido em 1848, no estado do Pernambuco. Representa a visão angustiada e também colérica dos oprimidos (indígenas e liberais) frente aos opressores (colonizadores e conservadores). A narração de caráter/tom eloquente, alto/elevado, marca a característica fundamental do gênero, com o narrador ora onisciente (3ª pessoa), ora personagem (em 1ª pessoa), que se identifica com o Caeté.

PASSEIO AO AQUEDUTO DA CARIOCA, de Nísia Floresta

Interpretação de narrativa eloquente e interativa em 1ª pessoa, onde o narrador apresenta o aqueduto ao estrangeiro, como numa espécie de guia turístico, reforça o texto de Nísia que de forma eloquente, apresenta ao "estrangeiro" um panorama geral dos monumentos e das paisagens encontradas no Rio de Janeiro do século XIX, até então capital do Brasil. Assim como muitas de suas obras, a autora não deixa de mencionar criticamente a situação do país e de seu povo enquanto colonizado, além de pôr em evidência a marginalização das minorias.

PRIMEIRAS TROVAS BURLESCAS DE GETULINO, de Luiz Gama

Único livro de poemas do poeta negro que viveu a escravidão no Brasil Imperial e que constitui o testemunho literário, por meio de um texto satírico – que demonstra toda a sua revolta, e lírico – que traduz a sua contemplação utópica da sociedade. Os poemas de Luiz Gama foram escritos três décadas antes da abolição da escravatura e trazem a beleza e o orgulho negro, e desnuda o racismo que ainda hoje acomete a população afrodescendente.

OS ESCRAVOS, de Castro Alves

Publicado postumamente, cerca de dez anos após sua morte, Os escravos é um livro de poemas de Castro Alves reunidos pelo escritor e biógrafo Múcio Teixeira. A coletânea é dividida em dois volumes “A Cachoeira de Paulo Afonso” e “Manuscritos de Stênio”. O primeiro volume conta a trajetória de Maria, uma escravizada que foge de sua senzala após ser estuprada, e de seu amante Lucas. Por meio da história da fuga do casal, Castro nos coloca como plano de fundo toda a situação da escravidão no Brasil. A segunda parte é mais direta e densa, contém poemas que contam diretamente as atrocidades sofridas pelos escravizados como “A Visão dos Mortos” e “A Tragédia no Lar”. Neste volume se encontra a grande obra prima de Castro “O Navio Negreiro”.

CARTAS DE JOSÉ DE ALENCAR E MACHADO DE ASSIS

Duas cartas de dois grandes autores consagrados da literatura brasileira, José de Alencar e Machado de Assis, trocando suas primeiras impressões sobre um novo autor com um enorme potencial literário que havia visitado a casa de Alencar e lhe apresentado alguns poemas. Esse jovem poeta era Castro Alves.

[19/12/2023 11:10:00]