O reconhecimento do lugar do erotismo no cânone literário brasileiro
PublishNews, Redação, 23/11/2023
Livro de Eliane Robert Moraes analisa o erotismo nos clássicos da literatura brasileira

A parte maldita brasileira: Literatura, excesso, erotismo (Tinta da China Brasil, 424 pp, R$ 120) traz 16 ensaios da autora Eliane Robert Moraes sobre o erotismo na literatura nacional, produzidos nos últimos 25 anos de sua pesquisa. Inspirada nos conceitos de Georges Bataille de falta e excesso nas paixões humanas, ela estuda neste volume a obra de escritores tão variados quanto Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Roberto Piva, Reinaldo Moraes e Hilda Hilst. Ela explica que, para Bataille, poesia é sinônimo de dispêndio. Festas, guerras, ritos sacrificiais e espetáculos são exemplos da necessidade de dilapidação que existe em todas as sociedades, segundo o filósofo francês. A literatura é mais um desses casos: ela é, por definição, o celeiro do excedente. “À literatura destina-se, portanto, a tarefa de guardar os restos, as sobras, os estilhaços, os entulhos”, escreve Eliane. A parte maldita brasileira abre com uma viagem pela origem da palavra “puta”, recuperando a etimologia da palavra no século XII francês e as variações nas línguas latinas. A prostituta é recorrente nas reflexões de Bataille, vale observar, e protagonista de diferentes ensaios de Robert Moraes. A crítica dedica estudos aprofundados sobre sua representação e presença na literatura, no imaginário e nos dicionários. Depois de caminhar por diferentes séculos e gêneros, o leitor se depara no ensaio final com uma topografia da produção literária erótica no limiar dos anos 2000.

[23/11/2023 07:00:00]