Em julho, o Grupo Companhia das Letras virou assunto ao ter todos os seus livros inabilitados no Prêmio São Paulo de Literatura. A editora não cumpriu todas as etapas do processo de inscrição e nomes como João Anzanello Carrascoza, Lázaro Ramos, Marcelo Rubens Paiva, Luiz Ruffato, Lourenço Mutarelli, Ruy Castro, Eliana Alves Cruz e Ricardo Lísias ficaram fora do prêmio que dá aos dois vencedores R$ 200 mil. Agora, a Companhia das Letras vai repartir o valor equivalente à recompensa (R$ 400 mil) entre os 28 autores que ficaram de fora da premiação.
A informação foi divulgada primeiro pela coluna Painel das Letras, da Folha de S. Paulo. O escritor Miguel Sanches Neto, colunista d’A Rede e autor de O último endereço de Eça de Queiroz, escreveu sobre a atitude do Grupo. “Esta semana veio uma mensagem me informando que a Companhia das Letras havia dividido o valor total do prêmio, R$ 400 mil, entre os autores da casa que seriam inscritos nele, e que eu receberia como doação o valor de R$ 14.285,71 (quatorze mil, duzentos e oitenta e cinco reais, e setenta e um centavos). O que mais me encantou foram os centavos. Literatura se faz com detalhes”, contou.
Outro autor de fora da premiação, Ricardo Lísias, autor de Uma dor perfeita, também falou sobre a situação nas redes sociais, “Como conheço o profissionalismo e a delicadeza dos profissionais da Companhia das Letras, não me surpreendeu o nível com que foi tratada a questão do indeferimento das nossas inscrições em um prêmio literário. Foi exemplar. Deixo meu obrigado e minha admiração à editora”.
Ao PublishNews, a Companhia das Letras confirmou que Luiz Schwarcz ligou pessoalmente para os autores. Em seguida, a editora enviou um e-mail para cada um deles reforçando o pedido de desculpas e o compromisso de rever seus processos para que o erro não se repita. Além disso, se disse aberta a pensar, junto com os autores, maneiras de retrabalharem os títulos e manterem uma parceria transparente.
Confira a lista das obras que ficaram de fora do Prêmio SP de Literatura 2023 e a repercussão nas redes sociais.
- 1002 fantasmas, de Heloisa Prieto
- A árvore inexplicável, de Carol Chiovatto
- A vida futura, de Sérgio Rodrigues
- As aventuras de Lucas Camacho Fernandez, de Jorge Furtado
- Corpo desfeito, de Jarid Arraes
- Dia um, de Thiago Camelo
- Diorama, de Carol Bensimon
- Do começo ao fim, de Marcelo Rubens Paiva
- Humanos exemplares, de Juliana Leite
- Inventário do Azul, de João Anzanello Carrascoza
- Moeda vencida, de Francisco J. C. Dantas
- Motivos e razões para matar e morrer, de Reginaldo Prandi
- Movimento 78, de Flavio Izhaki
- O Antigo do Futuro, de Luiz Ruffato
- O livro dos mortos, de Lourenço Mutarelli
- O manto da noite, de Carola Saavedra
- O último endereço de Eça de Queiroz, de Miguel Sanches Neto
- Os coadjuvantes, de Clara Drummond
- Os perigos do imperador, de Ruy Castro
- Peixe estranho, de Leonardo Brasiliense
- Romance real, de Clara Alves
- Solitária, de Eliana Alves Cruz
- Um álbum para Lady Laet, de José Luiz Passos
- Um passo de cada vez, de Iris Figueiredo
- Uma dor perfeita, de Ricardo Lísias
- Via Ápia, de Geovani Martins
- Vinco, de Manoela Sawitzki
- Você não é invisível, de Lázaro Ramos
CIA DAS LETRAS
Como conheço o profissionalismo e a delicadeza dos profissionais da @cialetras , não me surpreendeu o nível com que foi tratada a questão do indeferimento das nossas inscrições em um prêmio literário. Foi exemplar. Deixo meu obrigado e minha admiração à editora.
— Ricardo Lísias (@ricardolisias) September 21, 2023
Companhia das Letras mandou uma grana para os autores que ficaram de fora do Prêmio São Paulo de Literatura.
Pegaram o valor total do prêmio e dividiram entre os autores da casa que participariam. R$ 14.285,71 pra cada
É o que conta Miguel Sanches Neto, um dos prejudicados pic.twitter.com/RuD5IcubHA
— Rodrigo Casarin (@rodcasarin) September 21, 2023