Convenção da ANL discute a relação entre editoras e livrarias
PublishNews, Talita Facchini, 1º/09/2023
Segundo dia da Convenção da Associação Nacional de Livrarias focou em debater os problemas enfrentados pelas livrarias e os tropeços na relação com as editoras

Convenção Nacional de Livrarias realizou sua 31ª edição no Rio | © ANL
Convenção Nacional de Livrarias realizou sua 31ª edição no Rio | © ANL
Passamos do tempo em que as editoras precisam das livrarias? A pergunta – feita por Leandro Teles, da Livraria Leitura – esteve presente logo na primeira mesa do segundo dia da 31ª Convenção Nacional de Livrarias, nesta quinta-feira (31), cujos painéis abordaram os problemas enfrentados por esse elo do setor e sua relação com as editoras.

O painel que iniciou a programação se propôs a discutir as boas práticas e soluções para o mercado do livro. Em uma conversa franca e direta, Julio Cruz (Catavento), Leandro Teles (Leitura), Marcus Gasparian (Argumento) e Samuel Seibel (Vila) falaram sobre a prática da consignação – que segundo eles deve ser repensada – e sobre as feiras universitárias e os grandes descontos aplicados; e sobre o problema da venda direta de livros pelas editoras por um preço diferente do preço estabelecido por elas mesmas sobre a capa do livro. Um preço que as livrarias não podem acompanhar.

A questão da venda direta não é nova, mas se intensificou durante a pandemia. “Era um momento diferente”, recordou Teles. “A pandemia acabou, esse momento passou, e o que a gente percebeu é que essa prática foi mantida e o pior: foi progressivamente aumentada”.

O livreiro expôs que chamou um grupo de livrarias para conversar e fazer a pergunta citada: passou o tempo em que as editoras precisam das livrarias? A resposta foi unânime: não. Tanto que algumas delas pararam de fazer esse tipo de venda com descontos maiores que os pré-estabelecidos. “Em um mercado que já tem tantos desafios como o nosso, se permitirmos que outros problemas surjam, vai ficar mais difícil para todo mundo no final das contas”, afirmou.

“As editoras sabem que isso está acontecendo e, no entanto, não vejo um movimento maior por parte delas no sentido contrário. Não vejo elas assumirem uma posição”, completou Gasparian. “Gostaria de aproveitar a oportunidade desse evento porque um novo pacto tem que ser feito, um novo acordo enquanto a Lei Cortez não vem. Só queremos criar uma nova regra porque é muito desagradável ser tratado como, às vezes, livreiro é tratado”, sugeriu.

Como visto no primeiro dia da Convenção, a conversa terminou, mais uma vez, pedindo ações dos diferentes elos do setor para já colocar a Lei Cortez em prática. “Não dá pra esperar a Lei, mas dá pra fazer uma 'lei informal' para começarmos com práticas melhores para a cadeia do livro”, finalizou Seibel.

Ponto de vista das editoras

Na segunda mesa do dia, foi a vez das editoras. Mara Cortez, da Cortez Editora, lembrou que nem tudo são flores para as editoras pequenas e médias e falou sobre a dificuldade de destacar seus livros nos pontos de vendas.

Outra questão lembrada por Tadeu Breda, da Editora Elefante, foi a financeira. “Honrar os compromissos financeiros é o princípio básico entre editoras e livrarias. Quando as livrarias não realizam os acertos, por exemplo, já desestrutura a relação”.

Por fim, Marcos da Veiga Pereira (Sextante) relembrou a entrevista que James Daunt , CEO das redes Waterstones e Barnes & Noble, concedeu ao PublishNews para o InterLivro em 2022. Na “aula para os livreiros”, Daunt apresentou conceitos básicos e essenciais de administração que podem ser aplicados em uma livraria de qualquer tamanho.

O vídeo completo daquela entrevista você confere abaixo:


[01/09/2023 10:30:00]