Livrarias, audiolivros, metadados e mais: O que foi assunto no segundo dia do EELDG
PublishNews, Talita Facchini, 04/08/2023
Programação contou com painéis e apresentações práticas sobre assuntos relevantes aos elos da cadeia com participações de nomes como Mel Griffin, Antonio Hermida, Camila Cabete, entre outros

O segundo dia do Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos tratou de abordar cada um dos elos da cadeia do livro, com painéis que, acima de tudo, pudessem dar dicas e novas ideias para os presentes. O evento promovido pela Câmara Brasileira do Livro termina nesta sexta-feira (4).

A programação da terça (3) se iniciou com Mel Griffin, proprietária da Livraria Griffin Books – vencedora do British Book Award – em participação virtual, conversando com Maria Fernanda Rodrigues, jornalista e colunista do Estadão.

Com nove anos de história, a livraria independente de 45 m² e um estoque de 5 mil livros conseguiu engajar a comunidade ao seu redor e implementou diversos projetos para mudar o conceito de livraria.

Trabalhar com cópias assinadas e edições especiais, oferecer vouchers para os clientes, serviços de assinatura, realizar eventos – internos e externos, e contar com a presença de autores sempre que possível são só algumas das ações realizadas pela Griffin.

A livraria ainda procurou parcerias com empresas locais e, como seu principal projeto, criou um relacionamento com as escolas. A livraria visita as escolas, leva autores para conversar com os alunos e criou também o projeto – “run your bookstore” (comande sua livraria) – que ensina e incentiva os alunos a entenderem como funciona uma livraria na prática.

Ao ser questionada sobre o assunto do preço dos livros e como lida com a competição com a Amazon, Mel foi categórica. “Nós aprendemos com o tempo a não competir com o preço, por isso oferecemos algo diferente. Queremos que as pessoas escolham vir atrás da gente sabendo que terão uma experiência diferente”, disse, explicando ainda que ao longo dos anos, eles conseguiram criar uma “comunidade de seguidores” e que hoje, competem pelas “ótimas experiências que oferecem”. “O segredo é fazer com que as pessoas escolham ir para a livraria, que escolham a experiência ao invés do preço”.

Dicas da Griffin Books para as livrarias:

  • Contrate as pessoas certas. “As pessoas certas vão se pagar. Antes que você pense o investimento vai ter valido a pena”;
  • Construa relacionamentos;
  • Seja audacioso e cuidadoso em suas compras;
  • Assuma riscos. “Assuma riscos e esteja preparado para restar coisas novas”;
  • Torne pessoal. “Construa um relacionamento com sua comunidade. Queremos que os leitores realmente amem vir até a gente”.

O assunto dos audiolivros também esteve presente na programação, com Antonio Hermida, head of audio da Bookwire, falando sobre os processos e adaptações necessárias para transformar seu livro físico em audiolivro.

Em uma apresentação didática, Hermida falou sobre os diferentes estilos de audiolivros, deu recomendações e exemplos. Mas o que mais rendeu assunto para as perguntas da plateia foi o TTs (text-to-speech / síntese de fala), aplicação de inteligência artificial que vem crescendo nos últimos tempos.

Segundo Hermida, o que podemos esperar são mais ferramentas de áudio proprietárias de TTs. E com a chegada da Audible – ainda este ano – e com todo o marketing que ela fará, podemos esperar que o audiolivro se popularize um pouco mais por aqui. “Se tornando algo popular, todos os outros players também se beneficiam”, disse.

Outro painel didático falou sobre metadados, abordando os tipos e melhores práticas para que seu livro venda mais. Cristiane Martins, gerente de produto, e Priscila Xavier, analista de suporte sênior, ambas da MVB Brasil, deram uma aula detalhada para comprovar que livros com metadados completos e padronizados vendem mais que livros com metadados menos completos. “É como uma bússola que guia leitores, editores, livros e toda a cadeia pelo universo do livro, permitindo uma descoberta mais precisa e ágil”, disseram.

“O poder de escolha do leitor está vinculado a essas informações que colocamos sobre os livros”, lembrou Cristiane. “Facilita o leitor a achar o livro, e o livreiro a vender”.

Dicas para uma melhor inclusão de dados:

  • Registre a informação como aparece no livro;
  • Escreva o título como aparece na capa;
  • Não use abreviações nem caixa alta. “Não gritem com seus clientes”, brincou Cris';
  • Inclua o nome dos contribuidores;
  • Use outras mídias: leitura do trecho da obra em áudio, booktrailers...;
  • Coloque o nome dos personagens nas palavras-chave, grafias incorretas dos nomes dos autores, use dadas especiais e sazonidades que tenham a ver com a obra;
  • Façam atualizações periódicas.

A programação trouxe ainda assuntos como modelos de negócios digitais, PNLD e inteligência artificial.

*A jornalista viajou a convite da Câmara Brasileira do Livro

[04/08/2023 08:00:00]