Onde tudo é marcado pela violência
PublishNews, Redação, 21/07/2023
Em seu livro de estreia, Dan se apropria de elementos da cultura pop e da cultura popular para construir um romance sobre um dos pilares da identidade brasileira

Quem conta esta história é um narrador não confiável. Como Brás Cubas, o burguês inútil que quer nos convencer do quanto sua vida foi importante e produtiva, ou José Costa, o ghost writer oportunista de Chico Buarque em Budapeste, Danylton apresenta razões de sobra para o leitor não acreditar em sua história. Mas, ao contrário dos dois primeiros, que em momento algum têm a intenção de pôr sua credibilidade em dúvida, Dany deixa logo claro que não merece confiança. Vivendo à custa da esposa Natália, que gastou todas as suas reservas para montar um café em que ele pudesse trabalhar, não faz questão de contribuir com o sucesso do negócio. E justo quando ela resolve deixá-lo, ele decide tomar um rumo na vida fazendo a única coisa para a qual tem algum talento: escrever. Numa trama metalinguística em que se misturam lembranças, pesquisas, reportagens e e-mails, em Vale o que tá escrito (DBA, 224 pp, R$ 59,90) – assinado simplesmente por Dan – somos apresentados a Lilico, um homem que todos imaginam ter morrido, mas que Dany jura estar vivo. Acompanhando um emaranhado de relatos em que dados são omitidos, às vezes não sabemos em quais informações acreditar.

Tags: DBA, ficção
[21/07/2023 07:00:00]