
A nova edição, já disponível para o público, preserva na íntegra o texto original do escritor modernista, entretanto, oferece o posfácio crítico da escritora, investigadora e crítica literária indígena Trudruá Dorrico, com uma reflexão contemporânea acerca da personagem protagonista, que para os povos indígenas, é Makunaimã, uma entidade ancestral apropriada pela noção ocidental, e cuja apropriação carece de questionamento e amplo debate, abordando estereotipias, cosmologia Macuxi e opressões coloniais.
A primeira publicação de Macunaíma foi há 95 anos. Desde lá, Portugal já ganhou variadas edições desse clássico modernista. Por isto mesmo, a Daruê Editorial decidiu, nesta iniciativa comemorativa, oferecer algo de novo ao leitor. Segundo os editores, o objetivo é, em pé de igualdade, tanto celebrar o caráter disruptivo do livro — que rompeu de forma radical e heroica com a tradição erudita desgastada da literatura brasileira — quanto criticá-lo de forma dialética em uma perspectiva mais contemporânea, entendendo que a crítica somente agrega e engrandece as experiências em direção à construção de uma literatura cada vez mais nacional.
Daruê Editorial
Capitaneada pelo editor Wladimir Vaz e pela pesquisadora, curadora e escritora Manuella Bezerra de Melo, a Daruê Editorial (cujo nome foi eleito por significar “luta” em língua iorubá) inicia sua jornada em Portugal com pelo menos três linhas editoriais dentro do projeto geral proposto:
1) pensamento crítico brasileiro contemporâneo;
2) traduções em português para obras clássicas ou contemporânea do pensamento crítico
3) e projetos especiais em literatura.
Além de Macunaíma, de Mário de Andrade, a Daruê já anunciou outros títulos para o catálogo. Entre eles, Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico, finalista do prêmio Jabuti 2022, de autoria dos filósofo Vladimir Safatle junto com o psicanalista Christian Dunker e ao pesquisador Nelson da Silva Júnior; e Alexandra Kollontai e o sexo: contribuições urgentes para o feminismo hoje, uma aposta na autora feminista após um hiato de 42 anos, sem publicações em Portugal desde 1981, com tradução da pesquisadora brasileira Maitê Peixoto.
A pré-venda dos demais títulos inicia ainda este semestre, com disponibilidade também nas livrarias independentes do País.