Uma nova sociedade
PublishNews, Redação, 05/06/2023
Em 'A língua submersa', Manoel Herzog conta a história de uma região na América Latina que sobreviveu ao avanço das águas de como sua classe média remanescente se reestruturou

A língua submersa (Alfaguara, 216 pp, R$ 74,90) é um romance complexo e múltiplo, sem paralelos na literatura brasileira. Após uma catástrofe ambiental, a América Latina, ou o que sobrou dela, é agora a nação Bolivana-Zumbi, o “gigante dócil e inofensivo” onde a moeda se chama bênção e o poder dominante, fantoche dos desígnios chineses, é a Eclésia, gerida pela igreja evangélica Bola de Fogo. Aqui a natureza é a principal preocupação: é expressamente proibido desmatar e caçar animais silvestres, e os infratores pagam com a morte. Em Bolivana-Zumbi se fala o portunhol, pois o português se tornou a língua submersa ― e proibida. Manoel Herzog nos leva, com contundência e um humor desconcertante, às entranhas dessa nova sociedade que habita as antigas regiões de Santos e Cubatão. Em pequenas sagas que se sobrepõem e se complementam, conhecemos um mundo novo e perturbador, onde a própria realidade é tecida de pesadelos.

[05/06/2023 07:00:00]