
Com o livro, a editora esperar restituir a voz da escritora no cenário cultural brasileiro, "uma escritora brilhante que rompeu barreiras, deixou um enorme legado e merece ser amplamente reconhecida", de acordo com o comunicado.
Com mais de cem obras produzidas, entre peças, livros infantis, poemas e cordéis, Lourdes Ramalho é considerada uma das escritoras e dramaturgas mais importantes do Brasil, mas também um dos casos mais emblemáticos de apagamento na cultura brasileira, segundo a editora. Mulher, nordestina nascida em Jardim do Seridó, no Rio Grande do Norte, crítica da ditadura militar, apesar de ser reconhecida e estudada em toda a Europa, apontada por Ariano Suassuna como a escritora mais importante do Nordeste, de ter tido obras encenadas na Espanha e em Portugal, e de acumular dezenas de prêmios, especialmente em festivais de teatro, suas histórias só foram difundidas por autopublicações artesanais ou em pequenas produções editorais universitárias em Campina Grande, na Paraíba, cidade que amou e onde viveu a maior parte de sua vida.
Com textos marcados pela tradição oral e que combinam o regionalismo do qual sempre se orgulhou a temas universais e de vanguarda para sua época, como meio-ambiente, racismo e misoginia, Lourdes enfrentou o boicote, o preconceito e a censura desafiando os generais ao ordenar que atores interpretassem no palco partes proibidas de seus textos e ao não admitir que o esperado papel de mãe, esposa e dona de casa imposto de forma avassaladora pela sociedade dos anos 70, década em que mais produziu, a impedisse de escrever ficção e de se tornar uma das principais pesquisadoras do escritor Federico García Lorca.






