Mulheres africanas e a Inquisição em Minas Gerais
PublishNews, Redação, 19/04/2023
Livro lançado pela Chão Editora reúne transcrições de documentos inéditos sobre a vida e as crenças de mulheres africanas perseguidas no Brasil por forças militares e pela Inquisição

Organizado por Aldair Rodrigues e Moacir Maia, o livro Sacerdotisas voduns e rainhas do Rosário (Chão, 166 pp, R$59) recupera episódios importantes da história da diáspora negra ofuscados pela violência do racismo religioso, reunindo transcrições de documentos inéditos sobre a vida e as crenças de mulheres africanas perseguidas por forças militares e pela Inquisição em Minas Gerais no século XVIII. Essas mulheres pertenciam a grupos étnicos que habitavam a região da África ocidental chamada pelos portugueses de Costa da Mina. Eram povos que falavam línguas gbe e partilhavam o sistema de crenças vodum. Escravizadas e trazidas para o Brasil, algumas delas se tornaram lideranças das comunidades negras na posição de sacerdotisas voduns (vodúnsis), ao mesmo tempo que exerciam cargos de juízas e rainhas da irmandade católica de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos — a principal confraria negra mineira. Diferentemente dos grupos iorubás (nagôs) que cultuavam os orixás, a história dos povos falantes de línguas gbe ainda é pouco conhecida entre nós, apesar de milhares deles terem vivido em Minas Gerais e em outras capitanias.

[19/04/2023 07:00:00]