Editoras brasileiras ampliam participação nas feiras do livro de Londres e Bogotá
PublishNews, Guilherme Sobota e Talita Facchini, 18/04/2023
Apoiadas pelo BP, este ano sete editoras participam da feira de Londres e outras cinco da de Bogotá; ambos os eventos começam nesta terça-feira (18)

Feira de Londres | © Marcelo Gioia
Feira de Londres | © Marcelo Gioia

As Feiras Internacionais do Livro de Londres e Bogotá iniciam suas edições de 2023 nesta terça-feira (18) com a participação de editoras e empresas brasileiras.

Apoiadas pelo Brazilian Publishers (BP) – projeto de internacionalização de conteúdo editorial brasileiro realizado por meio de uma parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) – sete editoras (uma a mais do que no ano passado) integram a delegação brasileira em Londres.

São elas: Letras do Pensamento, Girassol, Rua do Sabão, Biblioteca do Exército, Global, Unesp e Callis. A presidente da CBL, Sevani Matos, e a diretora executiva da entidade, Fernanda Garcia, acompanham o evento na Inglaterra, juntamente com a diretora da CBL e também presidente da International Publishers Association (IPA), Karine Pansa.

Realizada anualmente desde 1971, a Feira do Livro de Londres é reconhecida como um dos maiores e mais importantes eventos do mercado literário mundial. Na edição passada, a primeira de volta ao formato presencial, as editoras que estiveram presentes prospectaram quase US$ 400 mil com a venda de livros e de direitos autorais, entre negócios fechados e expectativas para os meses seguintes. A expectativa para este ano é superar em 10% os valores em negócios prospectados na edição de 2022.

Para Marcelo Gioia, CEO da Bookwire no Brasil, a LBF23 consolida o posicionamento multinacional da fornecedora global de serviços digitais para editoras e que recentemente anunciou sua expansão para os EUA. “Além das atividades regulares da Feira, também é um encontro das lideranças das equipes de todos os países nos quais estamos presentes, incluindo agora a equipe dos Estados Unidos”, comenta. “Mais especificamente para a Bookwire Brasil temos a expectativa de avançar o fluxo internacional de POD – Impressão sob Demanda, e consolidar acordos de distribuição de AudioBooks, além de algumas novidades muito especiais na distribuição internacional de e-books”, finaliza o CEO.

Para Anna Luiza Cardoso, agente literária da Villas-Boas & Moss, essa edição da Feira de Londres tem tudo para ser positiva, levando em conta que é a primeira edição presencial sem nenhuma restrição pós-pandemia. “No ano passado muita gente não veio, os americanos majoritariamente não vieram e foi uma feira mais europeia. Dessa vez, meus clientes americanos, os grandes, estão todos aqui”, explicou ao PublishNews.

Anna analisa ainda que os temas e tendências seguem parecidos com os do ano passado – desde a Feira de Frankfurt –, mas ressalta a presença da literatura feita por e para as mulheres. “Muita coisa sobre o universo feminino, sobre maternidade a partir de várias perspectivas, sobre não-maternidade, relacionamentos tóxicos, amizades femininas, temas bem caros ao universo feminino de forma geral”, conta.

O interesse dos editores internacionais pelos autores brasileiros também merece destaque. “Tenho sentido um interesse bem mais forte do que vinha sentindo nos anos anteriores”, comenta, ressaltando o catálogo da VB&M apresentado na feira. “Estou bem animada com o nosso catálogo, com o nosso “Fab5”, que são Nara Vidal, Marcela Dantés, Angelica Lopes, Simone Campos e Fabiana Guimarães. Além das Fab5, obviamente temos a sexta – que não é ficção –, que é a Betina Anton com o Baviera tropical que é um “livraço” também. Estou com bastante expectativa – já estamos com cinco países vendidos. Espero sair da feira com vários outros territórios com esse livro”.

A editora executiva da HarperCollins Brasil, Alice Mello (também em Londres), está com impressões semelhantes. "Em relação às tendências editoriais, estamos vendo o que está em alta, como o romance feminino sendo debatido em seus vários subgêneros, como romantasy e rom-coms", explica. "Os livros womens fiction, em geral, do lado de ficção, estão sempre sendo comentados e consumidos pelo público. A Feira ainda está começando, mas temos essa expectativa de retomada à normalidade em que o mercado opera e de muitas apostas para serem apresentadas por aqui".

O editor da Rua do Sabão e colunista do PublishNews, Leonardo Garzaro, conta que para uma editora jovem como a sua, estar nas feiras internacionais é um indicativo importante para agentes literários e outros parceiros. "Temos também uma expectativa muito forte na venda de autores brasileiros para o exterior", comenta. "Nas nossas primeiras feiras, tínhamos poucos títulos, e mesmo assim fechamos muitos negócios. Em Sharjah, por exemplo, foram 27 deals. Com um catálogo mais robusto, temos condições de ir mais longe. Nos últimos meses, fizemos reuniões com editoras como a And Other Stories, New Directions, com a agência Mertin-Witt. Vamos lá para encaminhar tudo e assinar nas próximas semanas".

Para J.A. Ruggeri, publisher da Alta Books, a expectativa é a de fechar grandes negócios e fortalecer as relações com parceiros. "A Feira de Londres é muito importante, agora que as coisas estão começando a voltar ao normal. A Feira está cheia, mas ao mesmo tempo tem um caráter intimista. É um lugar para conversar com as pessoas com um pouco mais de profundidade e encontrar projetos que ninguém está olhando. Talvez um erro dos editores brasileiros seja deixar de participar de Londres para participar de Frankfurt", reflete. "Para a Alta Books, a Feira tem uma importância para fortalecer e criar novas relações com agentes e editoras. Consigo encontrar aqui coisas que ninguém no Brasil está olhando".

Destaques do Brasil em Londres

Karine Pansa no painel 'Global Outlook and Value of the Publishing Industry' | © Luiz Alvaro Salles Aguiar de Menezes
Karine Pansa no painel 'Global Outlook and Value of the Publishing Industry' | © Luiz Alvaro Salles Aguiar de Menezes

Nesta manhã desta terça (18), Karine Pansa participou da cerimônia de abertura do Sustainability Lounge, espaço dedicado à discussão diária de temas relacionados à questão da emergência climática, e do painel “Global Outlook and Value of the Publishing Industry” (Perspectivas Globais e Valor da Indústria Editorial), que abordou os desafios e oportunidades do mercado de livros no mundo digital. Ainda hoje, a delegação da CBL fará uma visita à Embaixada do Brasil em Londres.

Já na quarta, dia 19, Sevani Matos e Fernanda Garcia estarão presentes em uma palestra a respeito do futuro da proteção de obras intelectuais diante do avanço de ferramentas de Inteligência Artificial, que dependem do aprendizado obtido de conteúdos protegidos por direitos autorais, tais como palavras, imagens e músicas.

Bogotá

Já na Feira Internacional do Livro de Bogotá, o mercado editorial brasileiro será representado por cinco editoras (três a mais do que a última edição). São elas: editoras Mil Caramiolas, Mais Ativos/Mais Amigos, Global, Revista Internacional Destaque Nordeste e Callis.

Realizada há 35 anos, a FILBo é um dos mais importantes eventos do mercado literário hispânico. A edição passada, que contou com duas editoras brasileiras, gerou 41 novos contatos e resultou em US$ 35 mil em negócios realizados, segundo o Brazilian Publishers. Somadas as perspectivas para o ano de 2022, o valor final foi de US$ 100 mil. A expectativa também é aumentar em 10% os valores em negócios prospectados na feira para os próximos 12 meses.

“A participação nas feiras de Londres e de Bogotá é fundamental para a promoção de literatura brasileira na Europa e na América Latina”, comenta a presidente da CBL, Sevani Matos. “Estamos confiantes de que o mercado editorial brasileiro estará muito bem representado nesses dois eventos e que os resultados das reuniões e encontros profissionais irão superar nossas melhores expectativas”, conclui ela.

[18/04/2023 08:00:00]