Perdida no tempo
PublishNews, Redação, 17/04/2023
Livro de Iain Reid apresenta um retrato desconfortável e verdadeiro do envelhecimento

A artista plástica Penny morou no mesmo apartamento por décadas, cercada dos artefatos e recordações de sua longa vida. É resignada aos rituais comuns da velhice, até que as coisas começam a lhe escapar. Antes do falecimento de seu parceiro de muitos anos, foram tomadas providências — sem conhecimento de Penny — para a obtenção de um quarto em uma casa de repouso para idosos, onde ela se vê depois de um entre muitos ''incidentes''. No início, bem-acolhida por seus pares, conversando, comendo, dormindo, olhando a linda floresta que margeia a casa, tudo parece ótimo. Ela até volta a pintar. Mas, à medida que os dias passam a se confundir em um borrão, Penny — com uma inquietude e uma desconfiança crescentes — começa a perder controle da passagem do tempo e de seu lugar no mundo. Será que está sucumbindo aos efeitos sutis e destrutivos do envelhecimento, ou é uma participante involuntária de algo mais perturbador? Em uma história ao mesmo tempo tocante e inquietante, contada numa prosa hipnótica que desafia limites de gênero, o terceiro romance de Iain Reid, Nós nos espalhamos (Rocco, 288 pp, R$ 69,90 – Trad.: Maira Parula), explora questões de conformidade, arte, produtividade, relacionamentos e do que, em última análise, significa envelhecer.

Tags: Rocco, romance
[17/04/2023 07:00:00]