
A ação – que ocorre na calçada da Banca Tatuí (Rua Barão de Tatuí 275, São Paulo / SP) – faz parte da programação de aniversário da editora. Outra atração é o lançamento do zine O que pode acontecer em dez anos, escrito por Batista, que mistura fatos verdadeiros sobre a editora com informações surreais. A distribuição é gratuita para quem participar da oficina aberta de encadernação artesanal ministrada por Bárbara Cavalcante.
O ateliê da Livraria Gráfica estará abertas para visitação, e a editora promete que será possível imprimir, com Kaique Xavier, um cartaz em serigrafia criado por Gustavo Piqueira exclusivamente para a festa. Todo o catálogo da Banca Tatuí estará com 15% de desconto, haverá ainda lançamentos da Entretantas Edições, uma ecobag comemorativa e, às 16h20, pizza. A programação começa às 14h e o evento faz parte do Circuito SP–Arte, agenda oficial de eventos da SP–Arte.
Em 10 anos de atividades, a Lote 42 extrapolou o que é esperado de uma editora independente e virou: produtora de eventos (entre eles, o principal é a Feira Miolo(s), que adaptou um conceito de feiras para expandi-lo e se transformar em referência no país); plataforma de educação para o mercado (os cursos de publicação são concorridos); banca (a Banca Tatuí ajudou a emprestar ao bairro onde fica, em São Paulo, seu ar de vibração cultural); ateliê e oficina (a Sala Tatuí é também um lugar bem peculiar) e, finalmente, livraria (com a Livraria Gráfica). É consenso que as iniciativas conversam entre si, criando uma identidade única no cenário independente nacional.
Além dessa produtividade toda, foram 49 livros lançados que também, eles mesmos, ajudaram a expandir os limites editoriais da publicação independente no Brasil (muitos em parceria com a Casa Rex, do designer Gustavo Piqueira).
Em uma conversa com o PublishNews, João e Cecilia concordam que as coisas foram acontecendo de maneira orgânica, sem um business plan definido – e certamente, sem um business plan que pudesse prever todos esses desdobramentos. A pandemia foi um baque sério. Mas a editora conseguiu não demitir ninguém e passar pelo período mais difícil de sua história para celebrar os 10 anos neste março de 2023.

“As outras coisas foram surgindo muito naturalmente”, completa Cecilia. “O primeiro evento que fizemos tinha seis editoras. Depois, fazíamos os lançamentos numa casa no Pacaembu, eu inventava as decorações com impressões da gráfica, levava tendas, colava os papéis. Eram essas loucuras”, relembra. “A gente fazia porque achava legal”, diz, modesta. “Acreditamos muito nos projetos, são coisas que fazem sentido – não fazemos as coisas sem nenhum norte. Mas é natural”, ri.

A Lote 42 teve contribuição fundamental para uma consolidação do mercado independente no país nos últimos 10 anos. “No começo, quando a gente já tinha alguns livros no catálogo, a gente sentia que para o mundo tradicional, éramos bem alternativos”, conta Cecilia. “Livro com areia na capa. Éramos uma editora muito pequena fazendo muitas loucuras. Já para o universo da arte gráfica, parece que éramos interpretados como muito 'profissionais'. Porque as tiragens eram maiores, não sei. Parecia que estávamos entre um e outro, sempre. Hoje em dia já não sei. Seguimos com uma estrutura pequena, somos nove pessoas no total”.
João tem uma leitura parecida. “O fato de você ter organização interna para pagar salários, pagar impostos, manter aluguel, material, etc, não anula a possibilidade de fazer um trabalho ousado. Ao longo dos 10 anos, conseguimos fazer coisas diferentes, fora do comum. Mas o bastidor aqui é de uma empresa formal. A gente não é louco”.
Festa de 10 anos da Lote 42 e Indiebookday
Quando: sábado, 25 de março, a partir das 14h
Onde: Banca Tatuí. Rua Barão de Tatuí 275, São Paulo / SP
Quanto: entrada gratuita