15 livros para ressignificar o Dia Internacional da Mulher
PublishNews, Beatriz Sgrignelli, 08/03/2023
Nessa data simbólica que une todas as mulheres do mundo entorno de uma luta, algumas obras ajudam a entender a importância do feminismo e quais as diferentes perspectivas dentro do movimento

Comemorado no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher virou mais do que uma data simbólica para lembrar a luta feminina. A comemoração busca ressignificar e gravar na memória da sociedade a importância do movimento e da igualdade entre gêneros na atualidade.

Além de discutir temas como violência física e psicológica contra as mulheres, é preciso colocar em pauta assuntos como igualdade de salários, liberdade sexual, direitos LGBTQIA+, maior participação política, presença em cargos de liderança, entre outros muitos problemas que as mulheres enfrentam diariamente durante sua trajetória.

Como forma de incentivar a troca de conhecimento sobre o tema, o PublishNews fez uma lista de 15 livros para conhecer, ler e estudar as diferentes perspectivas da luta feminista.

1. Sejamos todos feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie (Companhia das Letras)

Chimamanda Ngozi Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher nigeriana para mostrar que muito ainda precisa ser feito até que alcancemos a igualdade de gênero. Segundo ela, tal igualdade diz respeito a todos, homens e mulheres, pois será libertadora para todos: meninas poderão assumir sua identidade, ignorando a expectativa alheia, mas também os meninos poderão crescer livres, sem ter que se enquadrar em estereótipos de masculinidade. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.

2. Guia prático antimachista: Para pessoas de todos os gêneros, de Ruth Manus (Sextante)

Deixando claro que um livro contra o machismo não é um livro contra os homens, que não são só os homens que têm atitudes machistas e que reconhecer o próprio machismo – e lutar contra ele – é um ato de coragem, Ruth Manus nos guia no caminho da conscientização e nos convida a mudar comportamentos, discursos e, em última instância, o próprio mundo. Um livro curto, prático e aplicável, que não pretende esgotar o assunto, e sim atuar como introdução ao debate. Voltado não só para quem quer entender melhor os tempos que estamos vivendo, mas também para quem deseja contribuir ativamente para uma sociedade mais justa.

3. Quem tem medo do feminismo negro?, de Djamila Ribeiro (Companhia das Letras)

Quem tem medo do feminismo negro? reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista Carta Capital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante. Muitos textos reagem a situações do cotidiano — o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir."

4. O segundo sexo, de Simone De Beauvoir (Nova Fronteira)

O segundo sexo foi publicado originalmente em 1949 e consagrou Simone de Beauvoir na filosofia mundial. A obra, no entanto, não ficou datada e tornou-se atemporal e definitiva. A autora aborda os fatos e os mitos da condição da mulher numa reflexão fascinante, além de analisar a condição da mulher em todas as suas dimensões: sexual, psicológica, social e política. Uma obra fundamental, que inaugurou um novo modelo de pensamento sobre a mulher na sociedade.

5. Mulheres, raça e classe, de Angela Davis (Boitempo)

Angela Davis começa o livro tratando da escravidão e de seus efeitos, da forma pela qual a mulher negra foi desumanizada, e dá a dimensão da impossibilidade de se pensar um projeto de nação que desconsidere a centralidade da questão racial, já que as sociedades escravocratas foram fundadas no racismo. Além disso, a autora mostra a necessidade da não hierarquização das opressões, ou seja, o quanto é preciso considerar a intersecção de raça, classe e gênero para possibilitar um novo modelo de sociedade. Analisar essa problemática tendo como base a questão de raça e classe permite a Davis fazer uma análise profunda e refinada do modo pelo qual essas opressões estruturam a sociedade. Neste livro, tal discussão é sinalizada pela autora por meio de sua abordagem do sistema de contratação de pessoas encarceradas nos Estados Unidos, que já durante o período escravocrata permitia às autoridades ceder homens e mulheres negros presos para o trabalho, em uma relação direta entre escravidão e encarceramento como forma de controle social. Nessa construção, para ela, cabe às mulheres negras um papel essencial, por se tratar do grupo que, sendo fundamentalmente o mais atingido pelas consequências de uma sociedade capitalista, foi obrigado a compreender, para além de suas opressões, a opressão de outros grupos.

6. Por um feminismo afro-latino-americano, de Lélia Gonzalez (Zahar)

Filósofa, antropóloga, professora, escritora, militante do movimento negro e feminista precursora, Lélia Gonzalez foi uma das mais importantes intelectuais brasileiras do século XX, com atuação decisiva na luta contra o racismo estrutural e na articulação das relações entre gênero e raça em nossa sociedade. Com organização de Flavia Rios e Márcia Lima, Por um feminismo afro-latino-americano reúne textos produzidos durante um período efervescente que compreende quase duas décadas de história – de 1979 a 1994 – e que marca os anseios democráticos do Brasil e de outros países da América Latina e do Caribe. Além dos ensaios já consagrados, fazem parte desse legado artigos de Lélia que saíram na imprensa, entrevistas antológicas, traduções inéditas e escritos dispersos, como a carta endereçada a Chacrinha, o Velho Guerreiro. O livro traz ainda uma introdução crítica e cronologia de vida e obra da autora. Irreverente, interseccional, decolonial, polifônica, erudita e ao mesmo tempo popular, Lélia Gonzalez transitava da filosofia às ciências sociais, da psicanálise ao samba e aos terreiros de candomblé. Deu voz ao pretuguês, cunhou a categoria de amefricanidade, universalizou-se. Tornou-se um ícone para o feminismo negro.

7. Por que lutamos?: Um livro sobre amor e liberdade, de Manuela D'Ávila (Planeta)

Através do olhar amoroso, da acolhida generosa, do entendimento de que este é um assunto de todas, todos, "todxs" nós. Não pretende ser uma bíblia do feminismo, mas sim, uma conversa, um abraço, um ponto de apoio, um boas-vindas pra quem acaba de chegar, um “que bom que você está aqui” pra quem já anda cansada de lutar. Escrito em tom de conversa, traz referências, sugere reflexões, desfaz o medo. Sin perder la ternura.

8. Terra das mulheres, de Charlotte Perkins Gilman (Rosa dos Tempos)

Publicado pela primeira vez em 1915, Terra das mulheres mostra como seria uma sociedade utópica composta unicamente por mulheres. Antes do leitor encontrar a suposta maravilha dessa utopia, terá de acompanhar três exploradores ― Van, o narrador; o doce Jeff; e Terry, o machão ― e suas considerações e devaneios sobre o país, no qual, os três têm a certeza de que também existem homens, ainda que isolados e convocados apenas para fins de reprodução. Um país só de mulheres, segundo os três, seria caótico, selvagem, subdesenvolvido, inviável. Uma vez lá, Van, Jeff e Terry se dividem entre a curiosidade de exploradores com fins científicos e o impulso dominador de um homem, oscilando entre tentar entender mais sobre aquela utópica e desconhecida sociedade e o sonho de um harém repleto de mulheres que talvez estejam dispostas a satisfazê-los e servi-los.

9. Um feminismo decolonial, de Françoise Vergès (Ubu)

Este livro é um convite para se reconectar com o poder utópico do feminismo, com um imaginário capaz de provocar uma transformação drástica da sociedade. Francesa criada na ilha da Reunião, Françoise Vergès lança mão de uma terminologia nova para descortinar a realidade das mulheres “racializadas”, empregadas domésticas e faxineiras provenientes dos países do “Sul global”, que limpam o mundo. Ela reivindica “um feminismo decolonial”, aberto a questionamentos, análises e mudanças, mas radicalmente antirracista, anticapitalista e anti-imperialista, ou seja, aquele que leva em conta as consequências da colonização nas relações atuais para repensar o feminismo por dentro, obrigando-o a entrecruzar além de questões de gênero e raça, já bem mapeadas pelo feminismo negro, a variável da desigualdade social ligada ao capitalismo. A descrição crua e verdadeira de fatos cotidianos atinge em cheio o que Vergès chama de feminismo “civilizatório”, aquele defendido por mulheres “brancas e burguesas” europeias que tipicamente reivindicaram desde os anos 1960 direitos iguais em relação aos homens de sua própria classe, as classes média e alta privilegiada. Para a autora, o feminismo deve ser necessariamente multidimensional, incluindo em sua reflexão raça, sexualidade e classe.

10. O mito da beleza: Como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres, de Naomi Wolf (Rosa dos Tempos)

A jornalista Naomi Wolf afirma que o culto à beleza e à juventude da mulher é estimulado pelo patriarcado e atua como mecanismo de controle social para evitar que sejam cumpridos os ideais feministas de emancipação intelectual, sexual e econômica conquistados a partir dos anos 1970. As leitoras e os leitores encontrarão exposta a tirania do mito da beleza ao longo dos tempos, sua função opressora e as manifestações atuais no lar e no trabalho, na literatura e na mídia, nas relações entre homens e mulheres e entre mulheres e mulheres. Naomi Wolf confronta a indústria da beleza, tocando em assuntos difíceis, como distúrbios alimentares e mentais, desenvolvimento da indústria da cirurgia plástica e da pornografia.

11. O feminismo é para todo mundo: Políticas arrebatadoras, de bell hooks (Rosa dos Tempos)

A aclamada feminista negra bell hooks apresenta, nesta acessível cartilha, a natureza do feminismo e seu compromisso contra sexismo, exploração sexista e qualquer forma de opressão. Com peculiar clareza e franqueza, hooks incentiva leitores a descobrir como o feminismo pode tocar e mudar, para melhor, a vida de todo mundo. Homens, mulheres, crianças, pessoas de todos os gêneros, jovens e adultos: todos podem educar e ser educados para o feminismo. Apenas assim poderemos construir uma sociedade com mais amor e justiça. O feminismo é para todo mundo apresenta uma visão original sobre políticas feministas, direitos reprodutivos, beleza, luta de classes feminista, feminismo global, trabalho, raça e gênero e o fim da violência. Além disso, esclarece sobre temas como educação feminista para uma consciência crítica, masculinidade feminista, maternagem e paternagem feministas, casamento e companheirismo libertadores, política sexual feminista, lesbianidade e feminismo, amor feminista, espiritualidade feminista e o feminismo visionário.

12. Coleção Pensamento Feminista, pela Editora Bazar do Tempo

A Coleção Pensamento Feminista, organizada por Heloisa Buarque de Hollanda, é formada por quatro livros reunindo mais de setenta autoras brasileiras e estrangeiras e apresenta o repertório essencial do feminismo de ontem e hoje. Os livros são: Pensamento feminista: conceitos fundamentais, Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto, Pensamento feminista hoje: Perspectivas decoloniais, e Pensamento feminista hoje: sexualidades no Sul global.


13. Mulheres invisíveis: O viés dos dados em um mundo projetado para homens, de Caroline Criado Perez (Intrínseca)

Desde o controle do fogo e o domínio da agricultura até as evoluções tecnológicas da atualidade, as conquistas dos seres humanos sempre começaram com a observação do mundo, algo conhecido hoje como coleta de dados. Como base da ciência, são os dados que determinam a alocação de recursos públicos e privados, ditando o rumo da sociedade. Porém, o caráter científico dos dados esconde um lado perverso: as mulheres não são ― e nunca foram ― contempladas por eles. Isso é o que revela Caroline Criado Perez em Mulheres invisíveis. Por meio de estudos de caso, a autora explica como o olhar predominante considera que o homem é o padrão e as mulheres são atípicas. Dessa forma, mesmo quando os dados abrangem o universo feminino, acabam sendo ignorados na prática, o que aprofunda na base a desigualdade de gênero.

14. Clube da luta feminista: Um manual de sobrevivência (para um ambiente de trabalho machista), de Jessica Bennett (Autora), Saskia Wariner (Ilustradora), e Hilary Fitzgerald Campbell (Ilustradora) (Fábrica231)

Era uma vez um clube da luta ― mas sem a luta e sem os homens. Todos os meses, as mulheres se reuniam no apartamento de uma das amigas para desabafar sobre frustrações envolvendo machismo no trabalho e compartilhavam dicas de como enfrentá-las da melhor maneira possível. Tempos atrás, tais encontros eram conhecidos como “grupos de conscientização”. Mas os problemas do mundo corporativo de hoje são mais sutis, menos evidentes e mais difíceis de provar do que aqueles enfrentados por nossas ancestrais. Essas mulheres não estavam lá apenas para desabafar. Elas precisavam de táticas de batalha. E assim nasceu o Clube da Luta Feminista. A aclamada jornalista Jessica Bennett reúne histórias pessoais de seu clube da luta da vida real e acrescenta pesquisas, estatísticas e conselhos empoderados de como combater e sobreviver ao machismo.

15. Histórias de ninar para garotas rebeldes, de Elena Favilli e Francesca Cavallo (VR Editora)

Cem histórias de mulheres inspiradoras que provam a força de um coração confiante: o poder de mudar o mundo. Que os retratos delas imprimam em nossas filhas e filhos a profunda convicção de que a beleza se manifesta em todas as formas, cores e idades. Em Histórias de ninar para garotas rebeldes, tudo o que se pode sentir é esperança e entusiasmo pelo mundo que está sendo construindo. Um mundo onde gênero não defina quão alto você pode sonhar nem quão longe você pode ir.

[08/03/2023 09:00:00]