O derradeiro manuscrito de Camus
PublishNews, Redação, 03/01/2023
Romance autobiográfico inacabado, 'O primeiro homem' estava na mochila do Prêmio Nobel de Literatura quando ele morreu em um acidente de carro em Villeblevin, na França, em janeiro de 1960

Retrato da infância do autor e um resgate da história de sua terra natal, a Argélia, O primeiro homem (Record, 368 pp, R$ 74,90 – Trad.: Clóvis Marques) era um projeto ambicioso de Albert Camus. “Em suma, vou falar daqueles que eu amava”, escreveu em uma anotação. Embora tenha levado mais de 30 anos até ser publicado, foi um estrondoso sucesso ao chegar às livrarias francesas, em 1994. Ele havia lançado as bases do que seria o relato da infância do seu “primeiro homem”. O “primeiro homem” é Jacques Cormery, que suporta sua existência miserável com o amor pela mãe silenciosa e analfabeta e pelo professor que transforma sua visão de mundo. Essa redação inicial tem um caráter extremamente autobiográfico que sem dúvida teria desaparecido na versão final do romance. Mas é justamente esse aspecto autobiográfico que é tão precioso hoje. O primeiro homem fornece ao leitor uma profunda compreensão da vida de Camus e dos poderosos temas subjacentes à sua obra. Lendo estas páginas, é possível ver surgir as raízes do que constituiria sua personalidade, sua sensibilidade, a gênese do seu pensamento, os motivos do seu engajamento.

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[03/01/2023 07:00:00]