Livrarias projetam crescimento nas vendas de fim de ano
PublishNews, Talita Facchini, 22/12/2022
PublishNews conversou com as livrarias da Tarde, Leitura, Travessa e Vila para saber como andam as vendas para o Natal de 2022, as ações realizadas e as expectativas para 2023

Livraria da Travessa | © Divulgação
Livraria da Travessa | © Divulgação

Final de ano é sempre uma época movimentada para o comércio em geral e nas livrarias não é diferente. Redes ouvidas pelo PublishNews durante esta semana demonstraram otimismo sobre a reta final de vendas de Natal, projetando crescimento em relação a 2021. Elas também investiram em estratégias para a disputar a atenção do público com eventos como as eleições e a Copa do Mundo, aproveitaram-se dos fenômenos sazonais, como o álbum da Copa, e acreditam em um 2023 melhor.

Em 2022, segundo o Painel Nielsen, o varejo de livros apresentou bons números, mesmo que em ritmo de desaceleração. A pergunta que fizemos é: como as livrarias se prepararam para mais um fim de ano?

Na Livraria da Vila, a projeção é de um crescimento de 15% – considerando as lojas que funcionam antes 2021 – ou de 18%, incluindo na conta as lojas de Brasília, aberta em junho, a de Ribeirão Preto e a reinauguração da unidade da Alameda Lorena, em agosto.

Expectativa parecida é compartilhado pela Leitura, que se diz satisfeita com as vendas de fim de ano. “Utilizamos dois critérios para análise. No primeiro, consideramos o resultado geral incluindo as vendas de álbuns e figurinhas da Copa do Mundo, na segunda, tiramos esses produtos que tiveram venda fora do comum”, explica Eduardo Batista, gerente de marketing da rede. “Quando analisamos o resultado geral, o crescimento foi de 22,83%. Sem considerar álbuns e figurinhas, o crescimento foi de 13,12% na venda de livros”.

Na Livraria da Travessa, a análise de Rui Campos passa pelos eventos que impactaram – bem ou mal – o setor em 2022: as eleições e Copa do Mundo. Para ele, as vendas ainda continuam um pouco abaixo do que o ano anterior, mas ainda espera bons resultados desse Natal. “Esse ano abrimos novas lojas e principalmente a do Iguatemi está indo muito bem. Esperamos ainda que esse fim de ano não destoe dos anos anteriores”, disse ao PN.

A visão de Rui é compartilhada por Monica Carvalho, dona da Livraria da Tarde. “Sinto que começamos um dezembro menos aquecido. Fechamos a livraria algumas vezes por conta dos jogos da Copa e isso prejudicou o faturamento, mas assim que o Brasil saiu do campeonato, sentimos um aquecimento e um retorno das pessoas para comprar os presentes de Natal”, analisa. Segundo Monica, os números estão parecidos com os do ano anterior, mas sua expectativa é de que sejam superados nessa reta final.

Estratégias de vendas

Livraria da Tarde | © Divulgação
Livraria da Tarde | © Divulgação
Com um fim de ano com Copa do Mundo, algumas livrarias pensaram em ações para ajudar nas vendas. Na Vila, a estratégia foi movimentar as redes sociais com vendedores indicando livros e outras opções de presente. “Trouxemos o influencer Rodrigo Roque que presenteou pessoas em algumas lojas, pensando também ser uma maneira de nos aproximar do público que nos segue”, contou Samuel Seibel, dono da rede.

A Travessa criou espaços de convivência para os jovens e que acabaram se tornando locais de encontro para trocas de figurinhas. A Leitura também: a rede comandada por Marcus Teles fez diversas parcerias com shoppings através de feiras de livros, eventos e espaços de troca de figurinhas, chegando a ter 80 pontos de trocas.

A Leitura também investiu em promoções com as editoras, com destaque para a campanha "Eu apoio a livraria do bairro", na qual a Editora Record disponibilizou 80 títulos clássicos por R$ 30 cada. A promoção ainda segue até 31 de dezembro. A rede também investiu nas redes sociais, com destaque para o TikTok.

Entre as livrarias independentes, Monica, junto com outras lojas menores, criou uma campanha com autores para colocar em prática um "Natal com livros". A campanha conta com depoimentos de vários autores e artes espalhadas pelas livrarias que incentivam os leitores a darem livros de presente e comprarem nas livrarias independentes. Além disso, a Tarde aderiu à campanha de 80 anos da editora Record e, comemorando o aniversário da loja, livros “queridinhos dos livreiros” também estão com descontos.

Os destaques de fim de ano

Na livraria Leitura, nenhuma surpresa quanto ao título destaque nesse fim de ano: É assim que começa (Galera), de Colleen Hoover. Além de ser a obra mais vendida na rede, o livro de Hoover sairá de 2022 como o livro mais vendido do ano na Lista Anual do PublishNews.

Já na Travessa, destaque para um álbum de figurinha, mas não o da Copa do Mundo, e sim sobre arte. Segundo Rui, desde maio o álbum Na trilha da arte vem vendendo muito bem. “É um livro que conta a história da arte através de figurinhas”, resume Campos. “O álbum da Copa teve uma explosão de vendas, mas esse Na trilha, caramba, como vende”, contou ao PN.

Na Tarde, os destaques são as autoras nacionais: Andrea del Fuego, Carla Madeira, Micheliny Verunschk e Luiza Romão, vencedora do Prêmio Jabuti como Livro do Ano. Além delas, Monica destaca a Nobel Annie Ernaux – “que já vendia bem, mas agora está vendendo melhor ainda” – e Nastassja Martin.

Balanço de 2022

Livraria Leitura | © Divulgação
Livraria Leitura | © Divulgação
Monica avalia o ano de 2022 de maneira positiva. “Ainda que os resultados financeiros não sejam tão bons quanto esperávamos, tivemos a oportunidade de fortalecer nosso relacionamento com as editoras, realizar vários eventos e conhecer muitos autores”, conta a empresária, que percebeu também uma queda no ticket médio da livraria. “Ainda assim saímos com um resultado positivo e seguimos na esperança de ter um Natal melhor”.

Também otimista, Rui lembra que 2022 foi um ano de preocupação – devido a eleição e a Copa – mas no geral viu uma recuperação nos números de vendas. “Para nós, o ano está muito bom, a Flip também foi ótima, então seguimos animados, mas nada vai se comparar a 2023”, disse, esperançoso.

A Leitura viu 2022 como o ano de retomada pós-pandemia. “Crescemos 35,2%, mas em cima de uma base ruim que foi o ano de 2021, no qual ainda tivemos alguns períodos de inatividade do comércio devido a Covid-19”, explica Eduardo. “Contaram também para o bom desempenho da rede o fenômeno dos álbuns de figurinhas, recorde de vendas em relação a Copas anteriores, e neste final de ano tivemos o lançamento da Colleen Hoover, É assim que começa (Galera), e a promoção da Record".

Já para Seibel a principal observação sobre 2022 é a constatação da força e resiliência demonstradas pelo livro e livrarias físicas. “Abrimos Brasília e Ribeirão, além de reinaugurar a Lorena, por acreditar em nosso mercado e na missão de contribuir para a formação de um país leitor. Mais educação, mais livros. Vemos com muito otimismo essa força e resiliência das livrarias e estamos confiantes num final de ano em que os livros sejam uma ótima opção para presente. Seguimos com pés no chão para o ano de 2023”, concluiu, animado.

Tags: Livrarias
[22/12/2022 10:00:00]