A tentativa de colonização do judaísmo pelo bolsonarismo
PublishNews, Redação, 25/10/2022
Em 'O não judeu judeu', Michel Gherman traça um panorama de como Bolsonaro se infiltrou na comunidade judaica e isolou os judeus de esquerda

Em 2017, manifestantes se reuniram na porta da Hebraica do Rio de Janeiro para protestar contra uma palestra que aconteceria no clube. Do interior, judeus de viés político conservador aguardavam pelo então candidato à presidência e representante máximo da extrema-direita brasileira, Jair Messias Bolsonaro. Num discurso que se tornaria célebre, o futuro presidente expôs parte da comunidade judaica a uma mistura de antissemitismo, racismo e confusão histórica — e, ainda assim, foi publicamente ovacionado, ao mesmo tempo que criou uma cisão naquela comunidade. Do lado de fora da Hebraica estava Michel Gherman, professor de sociologia da UFRJ, universidade onde também atua como pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos. Além de se manifestar contra o político, o autor colhia impressões que mais tarde elaboraria neste ensaio, O não judeu judeu (Fósforo, 192 pp, R$ 69,90), incontornável para entender o Brasil atual. Nele, Gherman traça um panorama de como Bolsonaro se infiltrou na comunidade judaica e isolou os judeus de esquerda, manejando a influência que construiu a partir do pensamento reacionário de Olavo de Carvalho. Mesclando experiências religiosas pessoais a episódios históricos dos judeus no país, Gherman apresenta parte desse grupo como um recorte da classe média conservadora.

[25/10/2022 07:00:00]