
No canto dos ladinos, da Todavia, enfeixa e dá sentido a um conjunto de histórias de personagens que vivem em bairros afluentes, viajam para conferências no exterior, frequentam bons restaurantes ou trabalham no comércio. Um traço em comum é sua negritude. O outro, o fato de serem figuras difíceis de acomodar nos padrões sociais — e ainda racistas — do Brasil.
“E no Brasil pode ser bem estranho um negro sentar-se num restaurante chique de um bairro de classe alta, usando uma roupa descolada, indo tomar um café da manhã no dia seguinte à virada de ano. Esse é um hábito para brancos brasileiros.”, diz à certa altura um personagem de No canto dos ladinos. Quito Ribeiro traça um quadro amplo do ponto de vista social e delicado do ponto de vista subjetivo. O resultado a partir desses dois campos de força é nada menos do que atordoante em sua leitura de nossa vida social.
Quito Ribeiro nasceu em Salvador, em 1971. Formado em letras pela PUC-RJ, é compositor com dezenas de músicas gravadas por artistas como Gilberto Gil, Moreno Veloso, Roberta Sá e Daniela Mercury, entre outros. Trabalha no cinema e na TV como montador. Mora no Rio. Este é seu primeiro romance.