É possível separar a obra do autor?
PublishNews, Redação, 18/10/2022
Socióloga francesa Gisèle Sapiro, que estuda questões de autoria e tradução, busca respostas para uma pergunta antiga, mas que ainda gera debates complexos

A obra da socióloga francesa Gisèle Sapiro vai, aos poucos, sendo traduzida no Brasil e se tornando incontornável. Conhecida por suas investigações de inspiração bourdiana sobre traduções, autorias e os estudos da edição, no livro É possível dissociar a obra do autor? (Moinhos, 184 pp, R$ 64,90, Trad.: Juçara Valentino), Sapiro aborda, com coragem e profusão de exemplos, temas como a associação (ou não) entre vida e obra, biografia e literatura ou cinema, em casos amplamente conhecidos não apenas na França, mas no mundo. Escritores, cineastas, filósofos e outras figuras intelectuais são postas em xeque diante de suas escolhas políticas, ideológicas ou da declaração de seus preconceitos, a despeito de terem produzido obras consagradas e/ou premiadas. Associações entre escritores e filósofos a ideias nazistas ou antissemitas, escândalos de abuso sexual no mundo do cinema; é possível dissociar os protagonistas desses casos de suas obras? Sublimar os efeitos disso sobre livros, filmes, teorias? Cabe a nós julgar e absolver? Sapiro, neste volume, põe as cartas na mesa, desfia argumentos em muitas direções, tece redes entre outros pensadores da questão para, afinal, concluir que o tema é, de fato, complexo e merece ser debatido, cada vez mais e com novos elementos.

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[18/10/2022 07:00:00]